Mulher que vive com R$ 400 e sustenta 4 filhos diz que nem pagou o gás do mês passado: ‘Dividi no cartão da vizinha’
O aumento do preço do gás de cozinha, anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10), deixou ainda mais preocupadas as famílias que já tinham dificuldade para comprar o botijão. O preço médio para as distribuidoras foi reajustado em 16,1%, e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg. Em Maceió, o botijão já custa mais de R$ 100 em algumas distribuidoras.
A dona de casa Renata Alves dos Santos, de 42 anos, não sabe como vai comprar o próximo botijão. Ela tem quatro filhos, com idades entre 4 e 15 anos. Sem trabalho, vive apenas com o que recebe do benefício social, uma renda de R$ 400 por mês. Com esse dinheiro ela paga o aluguel, no valor de R$150, e o que sobra é para comida e as demais despesas, entre elas, a compra do botijão.
“Eu já estava com dificuldade de comprar o gás. Ainda nem paguei o gás do mês passado, que dividi no cartão da vizinha. Foi o último que comprei e nem sei ainda como vou pagar. Comprei por R$ 110 no cartão dela em duas vezes e eu tiro desse dinheiro que recebo do benefício para fazer o pagamento”, disse Renata.
A dona de casa diz que não tem apoio financeiro do pai dos filhos dela, com quem não convive mais. Com o orçamento ainda mais apertado, ela precisa cortar despesas e já pensa em deixar a casa onde mora com os filhos.
“Eu estou pensando em ir morar em um barraco aqui perto, que o pai dos meus filhos fez, mas eu acho muito perigoso. Não quero ir, não quero meus filhos nessa situação”, lamenta.
Renata mora no bairro Ouro Preto, parte alta de Maceió. Perdeu os pais muito cedo e o único parente que tem é uma tia idosa. Sem rede de apoio para cuidar das crianças, ela não consegue arrumar um emprego. O dinheiro nem sempre dá para comprar comida até o final do mês e, para alimentar os filhos, ela conta com a ajuda das vizinhas.
“A situação não é nada fácil para mim. Com muita dificuldade, consegui matricular meus filhos na escola, mas o pequeno fica comigo em casa”.
Com medo de ficar sem dinheiro, mãe de 4 filhos pensa em mudar de casa para um barraco em Maceió — Foto: Ana Clara Pontes/g1
Segundo o presidente da Associação dos Revendedores de Gás do Estado de Alagoas (Argal), Leandro César, o botijão de gás em Alagoas deve ter um acréscimo de R$ 15, em média. Antes do reajuste anunciado nesta quinta, ele era vendido, em média, entre R$ 100 e R$ 110.
Leandro reforça que o preço não é tabelado e os revendedores podem praticar preço livre na venda do botijão. “Essa é uma estimativa, cada um aplica de uma forma”.
O presidente disse ainda que quase todo gás vendido em Alagoas vem de Suape, em Pernambuco. Por isso, o aumento do diesel pode impactar ainda mais no valor final por causa do frete.
“Mas como a concorrência aqui é grande, os preços tendem a baixar um pouco com o passar dos dias. Vamos aguardar”, finalizou.
O novo valor com reajuste deve chegar ao consumidor alagoano a partir de sábado (12).
*G1