Cerca de 1.600 pacientes renais crônicos estão sem medicamentos fornecidos pelo Estado
Cerca de 1.600 pacientes com doença renal crônica estão há dois meses sem receber medicamentos fornecidos pelo Estado, por meio do SUS. Sem a continuidade do tratamento, eles temem o agravamento do quadro.
Mayse da Silva Santos sofre com problemas renais crônicos há cinco anos e precisa tomar uma série de medicamentos contra a doença. Desde dezembro, relata que não recebe o remédio Alfaepoetina do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica (CEAF), do Governo de Alagoas.
“Sempre que a gente vai lá e pergunta se tem medicamento e qual a previsão de chegar, eles dizem que não tem previsão. Sem a injeção, a gente fica debilitado, sem forças para fazer nada e pode chegar a óbito”, lamenta a aposentada.
Situação semelhante é enfrentada por Siloer da Silva, que faz tratamento há 20 anos. Ele conta que, frequentemente faz contato ou vai pessoalmente ao CEAF em busca da medicação, mas a resposta é sempre a mesma.
“A moça diz que não tem e a gente, com a cara triste por saber que vai sofrer pela falta do medicamento, pergunta quando vai chegar, e ela responde que não sabe”, informa o paciente, que também é aposentado.
Segundo ele, esta não é a primeira vez que faltam remédios para quem sofre com doenças renais crônicas em Alagoas. “Eles ficam dando desculpa ao povo dizendo que é falta de matéria-prima, mas não é verdade. Fiz contato com outros Estados e tem o medicamento, ou seja, o fabricante não parou de fabricar o remédio, mas o Estado de Alagoas parou de comprá-lo”.
Dados da Associação dos Renais Crônicos mostram que cerca de 1.600 pacientes fazem hemodiálise em Alagoas e dependem diretamente da substância Alfaepoetina. A diretora da entidade, Claudia Cristina Ferreira, reforça que a medicação ajuda na qualidade de vida de quem convive com o problema de saúde, sobretudo esta droga que faz o transporte do oxigênio no sangue.
Outro remédio que está em falta é o Noripurum, e os pacientes estão tendo que pedir emprestado ou comprado de outras pessoas para manter o tratamento em dia.
Na manhã dessa terça-feira (22), um grupo fez um protesto em frente ao Palácio República dos Palmares, cobrando o envio destes remédios. “Para completar, os quatro hospitais credenciados para realizar o transplante dos rins não fazem o procedimento desde o ano passado. Ficamos sabendo que a pandemia atrapalhou, mas não existe uma política de incentivo à doação no Estado de Alagoas”, afirmou Claudia Ferreira.
A defensora pública Candyce Brasil Paranhos informou que não foi notificada por nenhum paciente sobre a falta dos medicamentos aos pacientes renais crônicos. Mesmo assim, ao tomar conhecimento do problema, enviou um ofício à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) cobrando esclarecimentos sobre a falta de abastecimento.
Em nota enviada à TV Gazeta, a Secretaria de estado da Saúde (Sesau) informou que o Ministério da Saúde é o responsável pela compra da Alfaepoetina, que já começou a ser distribuído aos Estados, prometendo repassar aos pacientes cadastrados assim que Alagoas receber o lote. Quanto ao Noripurum, o Estado garantiu que já fez a aquisição e a distribuição se dará em uma semana, prazo dado pelo fornecedor.
*Gazeta web