Das quartas-feiras da Ufal para os domingos da praça Centenário
Paulo Canuto, estudante de jornalismo
Antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e agora sua várias variantes, era comum e já tradicional visitar a Feira Agroecologica que funcionava todas as quartas-feiras na Praça da Paz, na Universidade Federal de Alagoas, Ufal. Muitos frequentadores chegavam a dizer que lá se encontrava a melhor tapioca do estado! Sempre no começo da manhã, além da tapioca, frutas, raízes e tantos outros produtos estavam disponíveis para a população, todos oriundos da agricultura familiar.
Mas com a pandemia e consequente paralisação das atividades na Ufal, a feira não pode mais acontecer como sempre, mas para driblar essa situação, a feira migrou para outro local extremamente conhecido por todos, a Praça Centenário, próximo ao centro de Maceió e mudou da quarta-feira, para acontecer todo domingo. Com isso, a feira não deixou de cumprir seu papel, que é levar alimento de qualidade e fortalecer a agricultura familiar.
A feira conta com produtores das regiões da zona da mata de Alagoas, como Branquinha e Murici, assim como também da cidade de Messias, a poucos quilômetros da capital alagoana. E para que essa feira se fortaleça ainda mais, agregando outros produtores, melhorar o atendimento por exemplo, o poder público é de suma importância para que possa ter esse crescimento, já mesmo existindo a 7 anos, a feira não conta com apoio do poder público.
Mas a feira, que conta com projetos de extensão da Ufal como parceiros, também está servindo como ferramenta de aprendizado para alunos do curso de administração da universidade. Através de uma parceria, com o professor Rodrigo Reis da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), que foi convidado após ministrar alguns cursos na Ufal para integrar os projetos de extensão que auxiliam na feira.
“Uma ferramenta impressionante de aprendizado e de empoderamento dos estudantes e dos agricultores familiares. Os alunos não só aprenderam, mas estão percebendo o valor do conhecimento que aprendem na FEAC-UFAL, podendo contribuir para a melhoria de uma realidade prática e orgânica. Digo aos alunos, vocês estão contribuindo para vidas de famílias do interior de Alagoas! A criatividade e qualidade com que eles produziram os produtos de marketing digital me impressionaram. Fiquei feliz e até emocionado, por exemplo, com o podcast feito com o agricultor Seu Naldo (seu Naldo na entrevista falou do orgulho das mãos calejadas e enfaticamente disse “se o campo não planta, a cidade não janta”). Conseguimos colocar em prática uma pedagogia da autonomia e uma prática de pesquisa-ação, funcionando e trazendo resultados para alunos, professor e principalmente para agricultura familiar e feirantes de produtos orgânicos dos municípios de Murici, Messias e Branquinha!”, enfatiza o professor Rodrigo Reis.
Esse semestre, afim de agregar mais mãos ajudando a feira, o professor envolveu alunos da disciplina de Gestão Mercadológica do curso de Administração, para auxiliar na criação e disseminação de conteúdo relacionados a feira. Os alunos estão produzindo com foco nas redes sociais, peças de marketing (banners), vídeos, podcasts e outros. O foco dos trabalhos são o Instagram, pois a Feira Agroecológica perdeu sua conta e uma nova conta foi criada com a ajuda dos alunos. Para apoiar, seguindo a feira basta acessar o perfil aqui (https://instagram.com/fagrodacentenario?utm_medium=copy_link).
O professor do Centro de Educação (CEDU) da Ufal e Coordenador, Cézar Nonato, explica que Projetos como esse desenvolvido pelos estudantes da FEAC sob a Coordenação do prof. Rodrigo, parceiro da Feira Agroecológica, de forma direta concretizam aspectos muito virtuosos em várias dimensões.
“A primeira se refere ao fortalecimento da relação que a UFAL vem estabelecendo com os/as agricultores/as vinculados à Feira Agroecológica e Orgânica da Centenário, tendo em vista que vários docentes, técnicos e discentes da UFAL, através de outras iniciativas também tem apoiado a feira. A segunda dimensão diz respeito a própria formação do corpo discente que na medida em que estabelece a interação com as pessoas que fazem a feira, crescem não só no campo profissional, mas também enquando sujeitos/as pois conseguem compartilhar de saberes e conhecimentos relativos a vida. E como uma terceira dimensão está no potencial de amplificação que a experiência da Feira pode ter no sentido da divulgação junto a sociedade com o uso das redes sociais como o instragam, exercendo dessa maneira não só um trabalho de difusão, mas também um trabalho educativo na medida em que funciona como um espaço informativo relacionado a agricultura orgânica e agroecológica prestando assim um serviço ambiental, social e econômico”, destaca o professor Cézar Nonato.
Essas ações, estão integradas com o Projeto Colhendo Bons Frutos: nutrição e agroecologia, coordenado pela professora Maria Alice Araujo da Faculdade de Nutrição (FANUT) que além da participação do curso de Administração, ainda conta com o auxílio do Campus De Engenharia E Ciências Agrárias (Ceca).
Alexandre Vital, estudante do 7º período de Administração, não esconde a satisfação em fazer parte dessa empreitada “para mim, é uma honra participar de um projeto tão relevante como esse. Enquanto Técnico em Meio Ambiente e graduando em Administração, fomentar a agricultura familiar vai além do consumo de alimentos saudáveis. É viabilizar a biodiversidade, promover o autossutento e saúde dos próprios produtores, bem como, reduzir a poluição ambiental e, consequentemente, zelar pela saúde pública”, destaca Alexandre.