Pai morto pelos filhos disse que eles nunca encontrariam corpo da mãe
Sendomar Lucindo de Oliveira, de 54 anos, foi morto a pauladas pelos próprios filhos, em Caldas Novas (GO), por não revelar onde havia deixado o corpo da esposa, depois de supostamente assassiná-la, conforme apurado pela Polícia Civil. A única coisa que ele teria dito, de acordo com depoimentos de testemunhas e familiares, é que os filhos nunca encontrariam o corpo da mãe, Edna Gonçalves dos Santos, de 47 anos.
O desenrolar do crime bárbaro, que chocou a cidade e acabou por destruir toda a família, ocorreu entre a noite de segunda-feira (24/1) e a madrugada dessa terça-feira (25/1). O casal vinha tendo problemas conjugais, nos últimos meses, e desapareceu na segunda, levando a família a procurar a Delegacia de Caldas Novas já quase na madrugada de terça-feira.
Os filhos já suspeitavam que algo pior poderia estar acontecendo. Bruno Gonçalves de Oliveira, de 28 anos, e o irmão, Lucas Gonçalves de Oliveira, 26, iniciaram as buscas por conta própria na região perto da chácara onde os pais viviam. Por volta das 2h da madrugada, eles visualizaram o carro do pai, um GM Chevette, abandonado numa estrada, próximo à pista de aeromodelismo de Caldas Novas.
Correndo sem roupa – Sendomar foi visto por eles saindo do meio do mato correndo, sem roupas, com marcas de agressão e bastante agitado. Nesse momento, segundo o delegado Tiago Fraga Ferrão, responsável pelo caso, os filhos começaram a perguntá-lo sobre o paradeiro da mãe e a única coisa que o pai teria dito foi que eles nunca a encontrariam.
A resposta revoltou os filhos, que se viram diante de um suposto assassinato cometido pelo pai. Relutante em responder e dar detalhes sobre o local onde havia deixado Edna, Sendomar foi amarrado pelos filho em uma árvore e agredido a pauladas até a morte, mas não revelou onde estava o corpo da mulher.
Bruno e Lucas, segundo a polícia, teriam tentado, inclusive, incendiar o corpo do pai, após matá-lo, com uso de óleo diesel. No local onde o corpo dele foi deixado, a equipe de policiais encontrou um galão de óleo, cordas e os pedaços de pau que eles utilizaram para torturar o pai. Os rapazes foram presos em flagrante nessa terça-feira, em Caldas Novas.
Mãe foi encontrada mais de 9h depois – O corpo da mãe só foi encontrado mais de 9h depois de a investigação descobrir sobre a morte de Sendomar. Equipes do Corpo de Bombeiros fizeram varredura por toda a região da zona rural, próximo ao local onde o marido foi visto saindo do mato. Edna foi morta, possivelmente, a facadas, em razão das marcas que tinha no corpo. Ela foi deixada em um ponto perto da ponte do rio Pirapitinga.
Segundo Tiago Fraga Ferrão, o corpo dela foi localizado por volta das 11h55 dessa terça-feira, mesmo horário em que os filhos estavam sendo presos. “Quando estávamos fazendo a prisão deles, recebemos a notícia de que o corpo dela havia sido encontrado”, conta o delegado.
Os bombeiros de Caldas Novas chegaram a pedir ajuda ao batalhão de Anápolis, a 55 Km de Goiânia, para que cães farejadores fossem enviados a fim de auxiliarem nas buscas pelo corpo da mulher. Os animais já estavam a caminho, quando eles a localizaram.
Toda a dinâmica e sucessão de crimes foi relatada por testemunhas e pessoas da própria família. A autoria da morte do pai, cometida pelos filhos, foi revelada por parentes, que já sabiam do ocorrido, de acordo com o delegado. No interrogatório, Lucas e Bruno permaneceram em silêncio.
Audiência de custódia e conclusão do inquérito – Por terem sido presos em flagrante, os dois irmãos devem passar por audiência de custódia até quinta-feira (27/1), conforme previsão do delegado. Eles já foram conduzidos para o presídio da cidade. Tiago Fraga Ferrão conta que eles não ofereceram resistência no momento da prisão e ficaram em silêncio desde o princípio.
Com as oitivas já avançadas, o delegado acredita que até a próxima semana, com a conclusão de laudos e exames cadavéricos, o inquérito será concluído e remetido ao Judiciário. Lucas e Bruno serão indiciados por homicídio qualificado do pai, por meio cruel (espancamento) e emprego de recurso que impossibilita a defesa da vítima (por terem o amarrado numa árvore).
Metrópoles