Menina Beatriz foi morta por ter se desesperado ao encontrar homem em colégio, diz secretaria

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou, nesta quarta-feira (12), que a menina Beatriz Angélica Mota foi morta porque teria se assustado ao se deparar com um homem num colégio particular de Petrolina, em 10 de dezembro de 2015. O acusado teria entrado no local para pedir dinheiro.

“Temos a motivação alegada se coadunando com a dinâmica dos fatos que, ao haver contato do assassino com a vítima, ela teria se desesperado e, por isso, foi silenciada a golpes de faca”, afirmou o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, em entrevista coletiva.

De acordo com o secretário, o homem não teve ajuda para praticar o crime e entrou e saiu da escola sozinho com uma faca que já lhe pertencia.

A confirmação do suspeito de assassinar a menina se deu na noite da terça (11). Nesta quarta, foram apresentados os detalhes da investigação.

A menina de sete anos foi morta a facadas dentro do colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde participava da formatura de sua irmã. Ela saiu de perto dos pais para beber água e desapareceu –o pai dela era professor de inglês da instituição.

Segundo o secretário de Defesa Social, o acusado de cometer o crime entrou no colégio com a intenção de pedir dinheiro para sair de Petrolina. “Pela narrativa, não era direcionado a uma pessoa específica. Beatriz foi a pessoa que ele encontrou e que, diante desse exaspero, desse susto, ele acabou silenciando-a a facadas”, afirmou.

Seu corpo foi encontrado dentro de um depósito de material esportivo da instituição, onde teria ocorrido o crime, com uma faca na região do abdômen. Também havia ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores. Ela foi vítima de dez facadas, segundo Freire.

A Secretaria de Defesa Social anunciou que o suspeito foi identificado após a comparação de seu DNA, presente no banco de dados pela Polícia Científica de Pernambuco, com o que foi obtido na faca usada no crime. Ainda de acordo com a pasta, o homem confessou o assassinato.

Silva foi ouvido por delegados nesta terça sobre o assassinato de Beatriz. Segundo a secretaria, após confessar o crime, ele foi indiciado pela Polícia Civil.

O DNA dele foi inserido na base de dados estadual em 2019, quando houve uma atualização no banco.

O primeiro indício que levou ao nome dele surgiu no final de 2021, quando se descobriu que seu DNA era o mesmo DNA encontrado na faca, segundo a polícia.

No início deste ano, o suspeito foi submetido a um procedimento relacionado ao outro processo ao qual responde, ocasião em que houve nova coleta de seu DNA. Em seguida, esse material foi usado para confirmar o que a polícia tinha atestado anteriormente.

O DNA que estava na faca foi comparado com o material genético de 125 pessoas consideradas suspeitas. O laudo com a comparação final foi enviado na terça (11) para a Secretaria de Defesa Social e para o Ministério Público de Pernambuco.

“Chegamos a afirmar técnico cientificamente, de forma cabal por quatro peritos geneticistas, que, depois do primeiro indicativo e de outros exames, sempre foi confirmada aquela indicativa inicial”, disse Freire.

Antes do início da entrevista coletiva, a mãe da menina, Lucinha Mota, e o pai, Sandro, falaram com a imprensa. Eles disseram que souberam da descoberta do suspeito por meio da imprensa.

Na sequência, eles foram convidados para uma reunião com o secretário e com integrantes da Polícia Civil responsáveis pela investigação. No encontro, as autoridades relataram as atualizações do caso.

“Eu acredito, pelos elementos que eles apresentaram, que é o exame de DNA, que é incontestável, e as características físicas, mas isso só não é suficiente”, disse Lucinha, mãe de Beatriz. “Todo crime tem uma motivação e a forma como foi praticada é muito violenta, praticada com muito ódio.”

A revelação do suspeito de assassinar a menina ocorre um mês depois de os pais percorrerem a pé mais de 700 quilômetros durante 23 dias entre Petrolina e o Recife para pedir avanços nas investigações. Ao final da trajetória, eles foram recebidos na sede do governo de Pernambuco pelo governador Paulo Câmara (PSB), que se disse favorável ao pleito dos pais de federalização da investigação.

Nos últimos seis anos, foram sete perícias, 24 volumes no inquérito, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas. O caso passou por oito delegados diferentes e, recentemente, ficou sob responsabilidade de uma força-tarefa formada por quatro profissionais.

Uma das gravações foi revelada em 2017, quando a polícia divulgou imagens de uma câmera de segurança que apontavam o suspeito do crime circulando nos arredores da escola. Nesta quarta, o secretário de Defesa Social disse que se trata de Silva.

Em dezembro, no mesmo dia da reunião da cúpula do governo com os pais de Beatriz, Humberto Freire chegou a reconhecer que houve dificuldades “em momentos da investigação”. Ele também afirmou que imagens de câmeras de segurança que tinham sido apagadas foram recuperadas.

Em dezembro, por meio de nota, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora informou que “não houve manipulação ou exclusão de imagens das câmeras”.

Representante do Ministério Público na coletiva, a coordenadora do Central de Apoio a Promotorias, Ângela Cruz, disse que devolveu nesta quarta o inquérito à Polícia Civil, solicitando novas perícias para que, em seguida, se manifeste no caso para enviá-lo à Justiça.

“Um achado muito importante, mas já de imediato o Ministério Público teve a preocupação de peticionar junto ao juízo de execução para garantir a segurança do suspeito. Estamos devolvendo os autos do inquérito policial. As circunstâncias desse caso precisam ser melhor apuradas, refinadas”, disse Cruz.

A reportagem entrou em contato com a Defensoria Pública de Pernambuco, que atuou nos outros processos aos quais o suspeito responde. A instituição informou que ainda não foi acionada até o momento por Silva para atuar na defesa dele no caso Beatriz.

 

 

Folhapress

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