Deputados apontam contradições entre o que diz governador e a realidade em AL

O ano de 2022 teve início e o governador Renan Filho (MDB) mantém dúvida se renunciará ao cargo até 2 de abril para participar das eleições gerais do próximo ano e deixa os aliados confusos.

Entretanto, continua com as “visitas” aos municípios para anunciar obras, ações de fim de gestão e aparecer dançando em “lives” ao lado de secretários cotados como pré-candidatos nas eleições gerais.

Os discursos dele contestam as críticas de parlamentares, alguns do próprio partido, que cobram gestão de Estado e menos atos eleitoreiros. Os deputados como Cabo Bebeto (PTC) e Davi Maia (DEM) enumeraram contradições entre o que diz o governador e a realidade da maioria dos 3,3 milhões de alagoanos.

“No mundo do Renóquio, tudo é lindo e funciona. No mundo real, um terço da população passa fome, está desempregada e sofre”, afirma Bebeto. A expressão “Renóquio” foi pronunciada pelo cabo Bebeto diversas vezes em discurso na Assembleia Legislativa. Surgiu pelo fato de o governador divulgar notícias e ações que, segundo o deputado, não condizem com a realidade.

Ao citar exemplos, revelou que o governador acusou o governo federal de não enviar vacinas suficientes, quando em verdade o Brasil foi um dos primeiros países a vacinar a população e até hoje 100% das vacinas aplicadas em Alagoas foram adquiridas e enviadas pelo governo federal.

O deputado bolsonarista afirmou que, até agora, foram 5.478.185 doses e R$ 4,3 bilhões em recursos enviados para o Estado. Ao defender o governo federal, Bebeto disse que a União foi acusada também de não querer concluir o trecho V do Canal do Sertão.

“Na verdade, o projeto aprovado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura contém irregularidades que foram denunciadas pelo TCU e inviabilizaram a liberação de verbas para o novo trecho. As irregularidades ainda não foram sanadas”.

Com relação às declarações de que o governo estadual adiantou a entrega do Hospital Metropolitano, Bebeto afirmou que a entrega parcial se deu um ano e meio após o prazo estipulado para a conclusão da obra.

Sobre o Hospital de Campanha que estava com leitos subutilizados na fase crítica da pandemia, lembrou que o HGE vivia superlotado, sem condições de atender os pacientes que poderiam ser redirecionados para o Hospital de Campanha, por exemplo. Criticou Renan Filho por anunciar a inauguração do Hospital Regional do Alto Sertão, sem que, entre outras falhas, a unidade estivesse com as instalações elétricas completas.

Destacou o caso das 16 ambulâncias paradas no estacionamento do Lifal, enquanto a população agoniza à espera de uma ambulância. A recorrente falta de medicações e insulina na Farmex. Afirmou que recursos da ordem de R$ 40 milhões em verba fantasma da saúde deveriam ter sido utilizados em investimentos e foram usados para dar gratificações.

Cobrou os respiradores comprados por mais de R$ 5 milhões e que até hoje não chegaram. Sobre o ICMS de combustível e de gás de cozinha, Bebeto disse que Renan prometeu que Alagoas pagaria R$ 3,20 no litro da gasolina, só esqueceu de dizer quando. “Criticou o preço da gasolina e do gás. Mas não fez o dever de casa, baixando o ICMS”.

Bebeto lembrou ainda que o governo pregou o “fique em casa”, obrigou o uso de máscaras, sufocou os empresários de bares, restaurantes e eventos, enquanto fazia exercícios físicos com amigos sem máscaras, participava de cavalgadas e de festas nas cidades do interior. Com relação à gestão estadual, ressaltou que o governador afirma que o Estado está “muito bem das pernas” financeiramente.

“Já são mais de R$ 2,7 bilhões autorizados em empréstimos e vai deixar a dívida para o próximo governador”. Sobre as rodovias estaduais que, na propaganda do governo, aparecem como as melhores do País, o deputado Bebeto questiona: “Onde?” Com relação aos concursos realizados até agora, disse que o gestor fez os certames sem contemplar as áreas administrativas. “Enquanto isso, há uma discrepância grande entre número de servidores efetivos e precarizados. Mais da metade dos servidores da saúde são precarizados. Também o concurso da Educação, que apenas contemplou professores”.

Bebeto disse que o governo encerrou o ano ao som do “piseiro” [dança de forró], prometendo prêmios aos alunos, aos jovens, o futuro de Alagoas, em vez de orientá-los no caminho da conscientização. “Esses pontos são demonstrações de como é o mundo do Renóquio. As denúncias recebidas em meu gabinete foram encaminhadas aos órgãos de fiscalização e controle para que sejam apuradas e as providências cabíveis tomadas”.

DAVI MAIA DENUNCIOU SUPERSALÁRIOS NA SAÚDE

Outro parlamentar que também formalizou denúncias de “supostas irregularidades” na gestão Renan Calheiros com verbas da Saúde foi o deputado Davi Maia (DEM). Ele encaminhou ao Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União, do Estado, Ministério Público de Contas, Ministério Público Estadual documentos que comprovariam pagamento de gratificações milionárias.

Acima de R$ 70 mil por plantões fantasmas de médicos que ocupam cargos de direção na estrutura da Saúde, pagamentos de assessores de articulação política do próprio governador como se fosse lotado em hospitais, pagamentos de vereadores e cabos eleitorais do interior. “Os órgãos de fiscalização e controle estão investigando essas e outras irregularidades. Algumas delas podem ser comprovadas com a consulta ao Portal da Transparência”, disse Maia.

Lamentou que, no final da gestão, o governador tenta mostrar que as ações dele são voltadas ao social, quando a realidade é outra. “Veja o exemplo do Fecoep, criado em 1999 na gestão Ronaldo Lessa para combater a pobreza. No governo Renan foi transformado numa máquina arrecadatória para outros fins, para obras”.

Entre os casos, acrescenta Maia, há ainda a questão dos supersalários para servidores que faziam plantões fantasmas. Destacam-se as obras de infraestrutura que se arrastam há seis anos e quando concluídas precisam ser refeitas, como a duplicação da AL 220, onde o asfalto virou areia em diversos trechos.

“O governo gastou muito dinheiro em propaganda e abandonou os incentivos sociais, a cultura e aos pobres”. Maia criticou o “clube dos empreiteiros” – um grupo de quatro a cinco empresas que desde 2015 ganha as grandes licitações e é investigado pelo MPE. Segundo o deputado, em seis anos de governo, Renan tratou com descaso o Canal do Sertão.

“Ele pegou a obra em andamento e não acrescentou nada. Sem falar que nesse período destruiu os investimentos públicos da agricultura familiar, abandonou o canal e queria implantar um projeto de construção de barragens utilizando a água do próprio canal que está lá sem utilidade planejada. Por sorte, a Justiça percebeu o desastre ambiental que estava em curso e impediu a construção das barragens”.

Davi Maia disse que o governo chega ao fim de forma melancólica. “No palácio, o café já está frio e a água está quente. Renan sabe que tem uma grande reprovação popular em curso e que os aliados estão em clima de debandada”.

EXALTAÇÃO

Hoje, Alagoas é um canteiro de obras por causa das ações do Executivo estadual, disse o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Silvio Camelo (PV), ao rebater as críticas dos colegas de bancada e da oposição. “Na saúde executou obras esperadas há mais de três décadas como os hospitais, as UPAs, fez concurso público e atua no enfrentamento da pandemia do coronavírus”.

O deputado destacou que, na área da Ação Social, o novo projeto “Cria” atende mais de 100 mil famílias com recursos de R$ 100/mês. O objetivo é chegar a 180 mil famílias e o governador anunciou o aumento para R$ 150/mês, Além disso, Camelo destacou os projetos “Vida nova nas grotas”, “Minha cidade Linda”, as obras de recuperação de rodovias estaduais, duplicação das AL 101 Norte e 220 no novo trecho entre Arapiraca e Delmiro Gouveia, as duplicações de Palmeira dos Índios a Arapiraca e a São Sebastião, a construção do aeroporto de Maragogi também em andamento.

Na segurança pública, os Centro Integrados de Segurança, entrega de viaturas, concursos em andamento. Na educação, o programa “Escola 10”, que repassa recursos da ordem de R$ 165milhões para os que estão concluindo o ensino médio e os que frequentam.

A emenda destinando os recursos é do próprio deputado. As perspectivas para 22 são as melhores, disse o governista, ao destacar que o governo mantém em caixa os recursos para os programas e mais R$ 600 milhões do Fecoep que vão ser aplicados em ações sociais. “É preciso ter dinheiro em caixa para executar as ações. A oposição está no papel dela, de criticar, mas estamos tranquilo. O governo trabalha”, defendeu o parlamentar.

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