Jovens e menores de idade produzem e vendem pornografia em redes sociais

A reportagem especial desse domingo (9) trouxe um alerta para as famílias. O assunto foi a disseminação de pornografia infantil na internet. Uma investigação do Fantástico mostrou que jovens e menores de idade estão produzindo e vendendo material pornográfico nas redes sociais. São os chamados “packs”, pacotes com fotos.

Durante sete meses, os repórteres Carlos Henrique Dias e Giuliana Girardi mergulharam nesse submundo, entraram em grupos e desvendaram esse esquema.

Quando digitou a palavra “pack” na rede, o produtor do Fantástico descobriu que submundo é esse, que envolve pais completamente alheios ao que anda acontecendo no quarto ao lado; adolescentes achando que tiraram a sorte grande, mas tomaram calote; e jovens sendo presos depois de cometerem crimes.

Nosso produtor deu de cara com tudo isso quando decidiu mergulhar nesse universo nas redes sociais: Twitter, WhatsApp e Telegram. Trocou mensagens e logo foi convidado a participar de grupos privados gigantescos – um deles com 200 mil participantes. Assim, descobriu várias siglas usadas, entre elas “CP”, que significa pornografia infantil. O valor para entrar no grupo e ter acesso? R$ 50.

Após as conversas, encaminhamos todo o material obtido para a polícia. Um jovem foi preso em São Paulo.

“Através das informações repassadas pela investigação de vocês, chegamos a essa pessoa. Chegamos na residência, a mãe estava branca, quase desmaiando, pelo susto que levou. Principalmente porque o mandado era em desfavor do filho dela, de 18 anos, filho único. Somente quando foi aberto o aparelho celular que ela viu que havia fotos de pornografia e que tava constatado que ele estava vendendo aquele material em forma de pacotes na internet. O dinheiro que ele recebia, ele dizia que era proveniente de jogos online que ele estava vendendo. A mãe ficou totalmente fora de si”, conta Ana Lucia Miranda, delegada titular da Delegacia de Repressão à Pedofilia.

Na Bahia, em Salvador, outra prisão de um jovem de 19 anos. Outro pai surpreendido.

“Ele ficou completamente chocado com o que viu, não entendeu muito bem. Tive que parar para explicar o que estava acontecendo e ele não imaginava. Pensava que o filho ficava o tempo todo, a maioria do tempo jogando. Foi constatado farto material relacionado à pornografia infanto juvenil, inclusive com negociação desse material para outros países como Colômbia e Rússia, por exemplo. E uma situação assim, diálogos: ‘Nós preferimos crianças menores que 8 anos de idade. Você tem algo relacionado a bebês?’”, relata Simone Moutinho, delegada titular da Delegacia Especial de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente.

O Fantástico também conversou com jovens que forneciam o material para os packs. Uma delas, uma estudante de Sorocaba, contou que começou a pesquisar a venda de packs pornográficos porque o assunto bomba em suas redes sociais, mas que não passa de uma grande ilusão.

“Existe muito dessa romantização, glamourização, e muitas meninas acabam fazendo por incentivo do momento. Sem pensar nas consequências. Você não sabe o que pode acontecer com essa fotos, onde elas vão parar”, afirma Mayara Lima.

G1

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