Rio só alcança 2 de 5 indicadores para um ‘carnaval seguro’ e se reúne com blocos nesta terça

O carnaval de rua é tema de uma reunião nesta terça-feira (4) entre o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e a associação de blocos de rua — em meio a números preocupantes da Covid-19.

Levantamento feito pelo G1 mostra que apenas dois dos cinco indicadores criados para um carnaval de rua seguro são alcançados.

O relatório que criou os índices foi divulgado em outubro do ano passado pelos infectologistas Hermano Castro (UFRJ) e Roberto Medronho (Fiocruz).

Confira abaixo como está a situação, ponto a ponto.

1. Síndrome gripal

Um dos índices para um carnaval de rua seguro diz respeito ao atendimento na rede municipal de saúde de casos de síndrome gripal. O máximo deveria ser uma média móvel semanal de 110 casos.

Na última semana de 2021, foram 6.511 casos em meio à chegada da variante ômicron da Covid-19 e do surto de influenza.

2. Casos positivos de Covid-19

Os especialistas afirmam que a taxa de testes positivos para Covid deveria ser, no máximo, de 5%. A Prefeitura divulgou, na segunda-feira (2), que o número está quase duas vezes maior: 9,6%.

3. Taxa de vacinação

Para um carnaval seguro, 80% da população total deve estar vacinada. Os especialistas dizem que este número precisa ser atingido não somente na cidade do Rio de Janeiro, mas também no estado e no país.

A cidade já passou desse número, com 80,7%. O estado e o país ainda não. No Brasil, 67% das pessoas estão vacinadas com as duas doses. No território fluminense, são 70%.

4. Fila de espera

Na tarde de segunda-feira, não havia nenhum paciente aguardando vaga com síndrome respiratória aguda grave no município.

Os especialistas estabeleceram que o máximo deveria ser uma fila de espera de três pessoas por dia, com tempo de espera inferior a uma hora.

5. Taxa de contágio

De acordo com a Loft Data Science, a taxa de contágio no Rio está em 0,84. Ou seja, cada 100 pessoas infectadas contagiam 84.

O indicador estabelecido pelos especialistas máximo seria de 0,5. De acordo com Medronho, a tendência é de piora nesse índice.

“Ainda está baixo, mas vai mudar. Está subindo e vai subir, vai passar de 1 já, já”, prevê o infectologista.

Preocupação das autoridades

Os números preocupam integrantes da Prefeitura do Rio, especialistas e também foliões. Na semana passada, a Banda de Ipanema antecipou que não vai desfilar em 2022.

Como mostrou o colunista Ancelmo Gois, do “O Globo”, uma das patrocinadoras do carnaval de rua pediu à Prefeitura que defina até quarta-feira (5) se haverá ou não a festa na rua. O prefeito também vai se reunir com os patrocinadores nesta terça, mas a resposta sobre a realização ou não do evento deve sair só no início da semana que vem.

Técnicos da Prefeitura entendem a pressão feita pela empresa, que quer previsibilidade para investir R$ 39 milhões na festa. Mas pedem calma para tomar uma decisão.

Além de infectologista, Roberto Medronho é fundador do Simpatia É Quase Amor — um dos blocos mais tradicionais da cidade. Apaixonado pelo carnaval, ele admite que a decisão é difícil. Mas vai ficar do lado da ciência.

“Pra mim, seria muito doloroso sugerir a suspensão do carnaval. Não recomendei ainda, mas entre a ciência e a diversão eu fico com a ciência. Se não houver condições, não deve haver carnaval”.

Gazeta web

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