Após câncer de pele, Kelly Key diz que rastreia mais de 150 pintas pelo corpo
Criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a campanha Dezembro Laranja, que faz parte da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele, tem ganhado cada vez mais visibilidade. De olho na conscientização e prevenção desse tipo de câncer – que de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra anualmente aproximadamente 185 mil novos casos e responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, a MSD Brasil aposta na campanha “Pode ser só um sinal. Ou pode ser um sinal de algo a mais”, que tem como embaixadora a cantora Kelly Key, de 38 anos, que, durante uma consulta com sua dermatologista, Dra. Bárbara Faria-Corrêa, foi diagnosticada com um carcinoma basocelular no final de 2019.
“No final de 2019 descobri um câncer de pele e fiz a retirada dele. Isso foi quando eu estava em Portugal. O resultado da biópsia atestou que era um carcinoma basocelular e pediram para tirar um pouco mais. Junto com esse um pouco mais, tirei outras pintas que [os médicos] suspeitavam”, conta a cantora, recordando o que sentiu ao saber que estava com câncer de pele: “Para mim foi um baque, fiquei em choque”.
A campanha conta ainda com nomes como o da modelo Mariana Weickert, que há dois anos, que também precisou retirar uma pinta no queixo que tinha grande possibilidade de se tornar cancerígena, além das influenciadoras Clara Maia, Mina Winkel, Ale Pierozan, Gabriela Domingues e Bruna Olliveira, que foram convocadas para informar sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce como forma de prevenção.
DIAGNÓSTICO
“Eu tinha uma pintinha próxima ao nariz, que ia e vinha o tempo inteiro. Às vezes, conseguia espremer, como se fosse um cravinho, outras vezes era só uma parte que ficava mais altinha, com uma coloração um pouco diferente da do rosto, mas nada de mais ao meu ver. Só que a minha dermatologista sempre quis tirar e não dei muita atenção porque quando ela [pintinha] chegava a me incomodar, de repente ela sumia e eu esquecia dela. E aí, quando ela voltava, ficava sempre esse vaivém. Antes de viajar para Portugal em 2020 [durante a pandemia, ela se mudou com a família para a Europa], a minha dermatologista falou que não era para eu ir com aquela pinta, que era para eu tirar. Tirei, fizemos uma biópsia e ela me contou que era um câncer de pele durante a minha viagem a Portugal. Para mim foi um baque, fiquei em choque. Depois fui estudar sobre o carcinoma basocelular, que de todos os tipos de câncer de pele, é o menos agressivo. Mas, mesmo assim, é algo que a gente tem que ter muita atenção”.
PASSADO X PRESENTE
“Comecei a cuidar mais da minha pele quando fiz 30 anos de idade. Fui à dermatologista e passei a ter meus protocolos de cuidados. Mas o filtro solar, por mais que sempre tenha sido disponível no mercado, nunca foi tão falado como agora. Nossos pais não tinham os cuidados que hoje, nós pais, temos com nossos filhos. Tinha idas frequentes à praia e tudo mais, mas não com tanta atenção ao filtro solar”.
POSSÍVEL CAUSA
“Minha médica acredita o seguinte a respeito do meu tipo de câncer. Fiz um trabalho quando era mais nova em que precisava estar bem morena. Esse trabalho me exigia várias sessões de bronzeamento artificial, que estavam, inclusive, em contrato. Então dos meus 13 aos 16 anos de idade, precisei fazer bronzeamento artificial com muita frequência para me manter muito morena nos trabalhos. Ela acredita que isso isso tenha acelerado o processo. Porque esse tipo de câncer de pele que tive aparece em pessoas com mais idade. Essas sessões de autobronzeamento podem ter acelerado esse processo”.
CHOQUE
“A gente se assusta, tem medo [quando recebe o diagnóstico de câncer]. Minha sogra e minha mãe já tinham tirado pintas e todas tinham ido para biópsia e nunca deram nada. Então achei que era mais uma questão corriqueira mesmo, que tiraria a pinta e iria para biópsia. Todo material que é tirado vai para biópsia, mas não necessariamente pensei que receberia esse diagnóstico. Quando recebi, fiquei muito assustada e meus médicos foram fundamentais para me manterem calma. O processo depois de descobrir o primeiro também foi um pouco chato, foram retiradas frequentes. Na mesma região, tive que fazer a retirada de material por mais quatro vezes, porque deu que a borda estava comprometida. Então, eles tiveram que ampliar mais a margem retirada. Fiquei com muito medo de perder lábio, esse tipo de coisa. E tirei outras quatro pintas, além dessa, que deram também o mesmo câncer. Ainda tirei uma no tórax, em cima dos seios, e a retirada é um pouco mais chata. Mas, graças a Deus, agora estou curada”.
PREVENÇÃO
“Faço visitas frequentes à minha dermatologista e tenho um controle das minhas pintas. Minha médica tem uma máquina que faz um scanner da pele. Atualmente ficamos rastreando as mais de 150 pintas que tenho no corpo todo, do couro cabeludo até o dedinho do pé. Seis dessas 150 pintas são estranhas e devem ser investigadas [acompanhadas com frequência maior]. Faço um rastreamento dessas pintas específicas de seis em seis meses. Fiz há pouco tempo, antes de voltar para Portugal, e estava tudo bem. Elas permaneceram do mesmo tamanho, sem nenhuma evolução importante. Daqui a seis meses, volto a investigá-las. Mas estou bem controladinha nesse sentido agora. E já entendi, nos últimos anos principalmente, que o filtro solar é medicação, não é cosmético”.
DICA
“Eu acho que a gente tem que cuidar da pele de uma forma geral, usar o filtro solar não só para prevenir envelhecimento, mas estando atentos a essas questões [prevenção do câncer] que são extremamente importantes. Por as pessoas não darem muita atenção a esse tipo de câncer, eles podem acabar evoluindo para coisas muito piores, então a gente tem que estar atenta e cuidar do nosso corpo de uma forma geral, de dentro para fora e de fora para dentro”.
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