‘Jairinho é doce, nunca encostou um dedo num filho’, diz pai do ex-vereador

Alerj

Monique Medeiros e Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, reencontraram-se nesta terça-feira (14) no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde estão sentados no banco dos réus sob suspeita do homicídio de Henry Borel, 4, que morreu em março deste ano. À época, Jairinho namorava Monique, mãe do menino.

A audiência começou por volta das 10h40. A expectativa é que as testemunhas de defesa do ex-vereador sejam ouvidas nesta terça (14), enquanto as de Monique, nesta quarta (15). Um dos depoimentos desta terça foi o do deputado estadual Coronel Jairo (Solidariedade), pai de Jairinho. Na audiência, ele disse que, ao encontrar o menino desacordado no hospital, começou a rezar.

“Peguei a mão dele e coloquei a outra no coração dele. Comecei a orar e pedir a Deus que o trouxesse de volta. Fiquei uns 30, 40 minutos com ele ao meu lado”, disse Jairo, enquanto Monique chorava no banco dos réus.

Jairinho também foi às lágrimas durante o depoimento do pai, que refutou as acusações de que o filho já teria agredido crianças. “Isso é um absurdo. O Jairinho é doce. Ele nunca encostou um dedo num filho. Disseram que ele bateu na filha, que é a razão da filha dele. Eles não sabem o que é amor de verdade”, afirmou.

“Isso é uma covardia. Isso não se faz com um médico, eleito para cinco mandatos por voto popular”, disse o deputado. O político também diz que a criança não tinha sinais de lesões, o que contraria o laudo de reprodução da morte, que apontou múltiplas lesões no corpo de Henry.

Herondina de Lourdes Fernandes, tia de Jairinho, também foi uma das testemunhas de defesa. Ela lembrou o momento em que o casal foi preso na casa dela, em Bangu, na zona oeste do Rio.

“Bati na porta do quarto do Jairinho e falei que o delegado estava ali. O Jairinho estava estático, e o delgado disse: ‘Eu não te falei que ia te pegar? Eu te peguei’.”

A tia disse ainda que o imóvel onde as prisões aconteceram passou a ser alvo da curiosidade de quem passa. “A minha casa virou um espetáculo. As pessoas passam e apontam a minha o tempo todo. Eu estava indo para o mercado e um homem disse: ‘É aqui que aquele cara foi preso?’.”

Jairinho e Monique foram presos temporariamente em abril, um mês após a morte do menino. Em outubro, o ex-vereador participou por videoconferência do Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio, da primeira audiência do caso.

A oitiva durou cerca de 14 horas, ouviu 10 testemunhas de acusação e foi marcada por um bate-boca entre o promotor e a defesa de Monique. Para acalmar os ânimos, a juíza Elizabeth Machado Louro precisou levantar a voz e repreendeu os dois.

“Eu não tenho nada a ver com as briguinhas que vocês mantêm, mas isso aqui não vai virar circo e nem debate”, afirmou a juíza. Desta vez, porém, Jairinho acompanha a audiência de forma presencial, sentado atrás de Monique.

O Ministério Público defende que ele cometeu o crime por sadismo. Pela argumentação da Promotoria, o ex-vereador tinha prazer em machucar o menino, enquanto Monique tiraria vantagens financeiras da situação.

O laudo da reprodução da morte de Henry apontou que ele sofreu 23 lesões no total, produzidas mediante ação violenta. Entre elas estão escoriações e hematomas em várias partes do corpo, infiltrações hemorrágicas em três regiões da cabeça, laceração no fígado e contusões no rim e no pulmão.

Segundo o laudo, as marcas constatadas no corpo de Henry sugerem várias “ações contundentes e diversos graus de energia, sendo que as lesões intra-abdominais foram de alta energia”. As hemorragias nas três regiões da cabeça do menino, por exemplo, teriam ocorrido em momentos distintos.

A defesa de Monique e de Jairinho diz que ambos são inocentes.

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