Estudantes de escola pública de Ensino Médio Integral conquistam prêmio nacional de teatro com valorização feminina na ciência

Em todo o Brasil, escolas de EMI – Ensino Médio Integral têm ganhado visibilidade e reconhecimento nacional, não apenas pelo modelo pedagógico, mas também por projetos de grande impacto criados. Um deles é o “Mulheres na Ciência”, um trabalho desenvolvido por alunas da Escola Estadual Graciliano Ramos, de Palmeira dos Índios em Alagoas, que conquistou o Prêmio “Arte na Escola Cidadã”, na categoria ensino médio.

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Por meio da proposta de consolidar um olhar artístico diante das contribuições das mulheres na ciência, evidenciando o protagonismo e empoderamento feminino, o projeto teve destaque e foi um dos 5 selecionados entre os 1200 inscritos em 2021. A premiação contou com uma bonificação para o professor orientador e também com a entrega de câmeras fotográficas e computadores novos para a escola. O prêmio acontece desde 2000, reconhecendo trabalhos desenvolvidos por escolas em todo o país, que mobilizem alunos e comunidade por meio do ensino da Arte.

“Esquetes Teatrais: Mulheres na Ciência” surgiu em 2020 a partir de uma iniciativa da disciplina eletiva de Teatro, que trabalha conceitos e elementos cênicos importantes, como roteiro, figurino, maquiagem, sonoplastia, enredo e outros aspectos técnicos e artísticos. O objetivo foi contar, através do teatro, a história e os feitos de mulheres cientistas de peso, que sofriam com o apagamento histórico, como a médica alagoana Nise da Silveira, as físicas Marie Curie, Márcia Barbosa (também brasileira, do Rio de Janeiro) e as matemáticas Ada Lovelace e Katherine Johnson.
“O projeto Mulheres Cientistas se iniciou quando nós assistimos ao filme da Nise da Silveira em sala de aula. Em um primeiro momento, ficamos muito atraídas pela sua história e carreira e como grande parte das mulheres desse meio não ganham o destaque que merecem. A partir daí, começamos a usar as informações do filme como conteúdo para a Eletiva de Teatro que fazíamos, construindo cenas com monólogos durante o ensino remoto na pandemia”, explica Andressa Rocha, uma das alunas do projeto.

A importância do EMI

Focado no desenvolvimento integral dos estudantes, o EMI – modelo de ensino nacional, público e gratuito – busca proporcionar o amadurecimento e preparo não só para o mercado de trabalho ou para o vestibular, mas também para a vida. Com essa proposta, oferece aos alunos um currículo que contempla, além das disciplinas regulares, outros pontos importantes, como as Eletivas, que permitem que semestralmente os jovens possam selecionar a área que mais se identificam, de forma a ampliar a sua formação básica, dialogando com seus Projeto de Vidas.

“O primeiro projeto que nós fizemos nos grupos de teatro se tratava de ensinar química com a arte. Como o tema é bastante complexo e de difícil entendimento, procuramos ensinar química de um jeito mais descontraído, através dos elementos da tabela periódica, transformados em vilões e heróis”, conta o professor da disciplina eletiva que gerou o projeto, Anderson Gomes dos Santos. O projeto fez tanto sucesso que chegou a ser apresentado em escolas públicas e privadas de toda a região, inclusive na capital Maceió, incluindo também aulões para o Enem.

Por meio dessa ferramenta pedagógica que faz parte dos pilares do EMI, o professor Anderson e as alunas puderam desenvolver o projeto com autonomia e liberdade criativa, com trabalhos que extravasam o âmbito escolar, atingindo também a comunidade.
“Um ponto que merece destaque no Ensino Médio Integral é a questão do protagonismo juvenil, do apoio e proximidade com os professores e também o aprendizado para a vida, para o futuro. Antes de entrar no EMI nós (eu e as demais participantes do projeto) éramos muito tímidas. Com o trabalho, conseguimos nos conhecer e desenvolver muito mais habilidades de comunicação e trabalho em equipe, sobretudo com os projetos de teatro e grêmios estudantis, que fazem toda a diferença na nossa formação”, conta a aluna Eduarda Pimentel, também colaboradora do projeto.

Próximos projetos

Para dar continuidade à iniciativa e poder levar ainda mais conhecimento para outros estudantes, o professor Anderson e as alunas estão trabalhando em um novo projeto, agora com foco em mulheres importantes da literatura, como Clarice Lispector, Capitu de Dom Casmurro, entre outras. Seria uma expansão das “Mulheres na Ciência”, com a finalidade de expandir a visão sobre escritoras e personagens, trazendo novas narrativas que excluam e denunciem o viés do machismo.

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