Quieto e estranho: vizinhos do “Novo Lázaro” temem volta de assassino
A vizinhança da quadra 18, na Rua Joaquim Soares da Silva, do município goiano de Goianápolis (GO), está assustada com o triplo homicídio cometido por Wanderson Mota Protácio, 21 anos, no último domingo (28/11), em Corumbá de Goiás.
Na tarde desta quinta-feira (2/12), o Metrópoles visitou a região onde o suspeito morou em 2019, com o pai e a madrasta, em Goianápolis.
A casa, grande e simples, está trancada e com o portão acorrentado. Os moradores do bairro pacato e calmo disseram que a família residiu no imóvel há dois anos e que, permaneceram no endereço, por cerca de pouco mais de um ano.
Atualmente, não há inquilino no lote.
Os vizinhos que moram no local descreveram Wanderson como um jovem discreto e calado. Sem se identificar, uma senhora relatou que mora na rua há mais de 30 anos e que os vizinhos eram pouco vistos na residência. “Nem bom dia eles davam. Eram trabalhadores. Sabíamos que trabalhavam em hortas colhendo tomates. Saíam de casa cedo e voltavam no fim do dia. Logo se recolhiam”, comentou.
Outra pessoa contou que só soube que residia próximo ao local onde o foragido morou, após os crimes cometidos por ele, no último domingo, virem a tona. “Foi quando outras pessoas comentaram que era o rapaz que morou aqui na rua, em 2019. Pouco o víamos. Não tínhamos contato. Ele era quieto. Jovem e não conversava.”
A reportagem conversou com os proprietários da casa alugada pelo pai de Wanderson à época. Eles confirmaram que a família viveu na residência por mais de um ano e, após ele esfaquear a irmã da sua madrasta pelas costas em dezembro de 2019, a família deixou o local.
“Não tínhamos muito contato. Era apenas para receber o aluguel e tratar sobre o contrato. Eles pagavam direitinho. Pouco víamos o Wanderson. Falávamos mais com o pai dele e a madrasta. Muito trabalhadores. Depois dos acontecimentos, foram embora e não tivemos mais notícias. Temos medo que o Wanderson possa aparecer por aqui também”, pontuou.
Transporte diário
Em 2019, Wanderson vivia em Goianápolis. Ele era transportado cerca de 100 km por dia, contando ida e volta, para trabalhar em uma plantação de tomates em Abadiânia (GO). Chegava no início da manhã e voltava ao final da tarde. A fazenda se destaca na região por ter uma imponente igreja católica em estilo colonial.
Próximo da plantação, há uma vila de chácaras conhecida como Santa Lúcia. Moradores deste local dizem se lembrar de ver ele passar por ali, onde frequentaria um dos dois bares do loteamento. O dono do boteco confirma visitas de Wanderson, relatadas por colegas, mas ele mesmo diz não se lembrar do caseiro.
Os crimes em Corumbá de Goiás
Wanderson está está foragido desde segunda-feira (29/11). Ele é acusado de assassinar a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.
Na sequência do duplo homicídio, o caseiro invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou a tiros o produtor rural Roberto Clemente de Matos, de 73 anos. Ele teria cometido o crime para roubar uma caminhonete.
Nesse mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, de 45 anos, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu e recupera-se em no Hospital Estadual de Urgências de Anápolis (Heana). Ela corre o risco de perder a visão de um dos olhos.
4° dia de buscas
As buscas pelo caseiro Wanderson procurado chegou ao quarto dia nesta quinta (2/12).
A onda de homicídios não é única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. Ele já esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela, em Goianápolis. O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso por tentativa de feminicídio, mas foi solto.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto em 28 de junho.