Polícia Federal investiga doze contratos de empréstimos feitos a falsos agricultores do Sertão de AL
O delegado Jorge Eduardo, da Delegacia de Repressão a Desvios de Recursos Públicos Financeiros e Combate à Corrupção (Delecor) da Polícia Federal, deu detalhes, na manhã desta quinta-feira (2), a respeito do esquema investigado pela Operação Pasto de Papel, deflagrada hoje em Delmiro Gouveia e outras cidades do Sertão de Alagoas. De acordo com ele, doze contratos estão sendo investigados, relacionados a empréstimos feitos por instituição bancária a falsos agricultores. Funcionários do Banco do Brasil estão sendo investigados por suspeita de participação no esquema e o banco está colaborando com o trabalho da polícia.
De acordo com o delegado, as denúncias que chegaram à PF foram feitas por um empresário que tem uma empresa de processos técnicos, que fornece notas e faz projetos para pequenos agricultores. Ele teria sido procurado por um gerente do banco para que entrasse no esquema fraudulento, que destina recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf) para pessoas que não são agricultores.
O empresário não aceitou e os processos dele, de pedidos de empréstimo, começaram a ser negados. Até que a empresa dele foi descredenciada e ele decidiu procurar a polícia para registar um Boletim de Ocorrências. Foi quando as investigações começaram.
“Eles simulam contrato de um título possessório, a pessoa parece ser um produtor rural e ela se habilita dentro de um processo de financiamento do Pronaf, como se fosse produtor rural e apresenta um projeto de que vai comprar gado, que vai investir na propriedade e tudo mais. Então, o gerente do banco, que supostamente estaria envolvido, vai analisar de uma maneira superficial e vai conceder o financiamento para o produtor rural fake. Na hora de prestar conta, você vai correr atrás de recibos de compras de gado e de outras coisas. Como o gerente supostamente estaria envolvido, ele não vai se esforçar para comprovar a veracidade daquilo ali. A pessoa vai fazer uso do dinheiro da maneira que quiser e a única preocupação será continuar pagando o empréstimo. Na verdade, eles tem acesso a um recurso com os juros muito baixos”, afirma o delegado.
Por meio do Pronaf Custeio, o agricultor pode adquirir sementes, fertilizantes, defensivos, vacinas, ração e outros itens necessários para o dia a dia da sua produção, seja ela agrícola ou pecuária. Esta linha de crédito é direcionada para produtores de agricultura familiar.
Porém, por meio do esquema, pessoas que não trabalham na área rural se passavam por agricultores e falsificavam as notas que justificavam o empréstimo. Estima-se que o valor total dos contratos investigados aproxime-se de R$ 1,5 milhão.
Na operação desta quinta, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão expedidos pelo juízo da 11° Vara Federal de Alagoas, Subseção de Santana do Ipanema/AL. Foram recolhidos diversos documentos que serão utilizados na continuidade das investigações. Ninguém foi preso.
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