Deputados acusam Renan Filho de uso da máquina para fins eleitoreiros: ‘enganador’
Deputados que compõem o bloco de oposição ao governador na Assembleia Legislativa (ALE) protagonizaram um longo debate, na manhã desta terça-feira (23), no qual acusaram Renan Filho (MDB) de utilizar a máquina administrativa para fins eleitoreiros e fazer pressão ao Legislativo com política barata. Eles citaram a maneira como o Executivo tem tratado o programa Bolsa Escola 10, que visa premiar os alunos que concluírem os estudos.
O assunto foi abordado pelo deputado Cabo Bebeto (PTC) ao mencionar trechos do discurso do governo, em evento no interior do Estado, ocasião em que a iniciativa foi apresentada a um grupo de estudantes da rede estadual de ensino. O governador divulgou que o Estado pretende recompensar com dinheiro os alunos que se mantiverem em sala de aula.
Na concepção do parlamentar, Renan Filho teria dito, no discurso, que aguardava a votação da proposta com certa urgência na Assembleia Legislativa e falou que, se a análise, no Parlamento, não fosse concluída até dezembro, a gratificação seria inviabilizada.
“Ele estava querendo dizer aos presentes que sempre tem alguém que não quer deixar o governo pagar à meninada. E tenta jogar a população contra a Assembleia, fugindo da obrigação de realizar o trabalho da educação e conscientização dos alunos”, destacou Cabo Bebeto. Ele completou que o governador estaria incentivando os estudantes a se mobilizarem em prol da votação do programa no Legislativo o mais rápido possível.
“O governador pediu aos alunos que o sigam nas redes sociais. Ali, ele daria o comando para a mobilização, caso a votação não acontecesse em tempo hábil. Nossa Casa é independente e não trabalha sob pressão e ameaças”, emendou o deputado. “Lamentável o oportunismo e o abuso de poder político praticados pelo governador. Esse é o padrão Renan Filho de governar Alagoas: tornar o alagoano dependente”.
Em aparte, o deputado Davi Maia (DEM) chamou o governador de mentiroso e de enganador por criar uma Alagoas utópica nas redes sociais. “Escola 10 não existe. Esta Casa aprovou projeto de lei, de autoria da deputada Cibele Moura, que previa o pagamento de R$ 50 aos estudantes ao longo da pandemia com recurso da merenda escolar, mas o governo só pagou um mês. Se não teve dinheiro para R$ 50, imagine para R$ 2 mil, como está prevendo”.
Segundo ele, o programa anunciado pelo Palácio chega às vésperas de ano eleitoral, quando ninguém saberá, ao certo, se terá continuidade. “O governador traiu seus pares [citando o ex-vice-governador Luciano Barbosa] e se mantém com discurso de falácias aos 47 minutos do segundo tempo. Educação nunca foi prioridade na gestão Renan Filho, levando em conta que Alagoas continua com indicadores altíssimos de analfabetismo”.
O tema também despertou o interesse da deputada Jó Pereira (MDB). Ela adiantou que já se debruçou sobre o projeto, mas adiantou que faltaram dados, raciocínio abrangente e o desenho da política pública que tenha a educação como principal motor. Segundo a parlamentar, trata-se de uma proposta de um auxílio que não tem começo, meio e fim.
“O que se precisa é de busca ativa, onde o auxílio é um dos componentes de combate à evasão e abandono escolar. Deve-se premiar os reais desafios de Alagoas, e um deles seria o Plano Estadual de Educação, que não é considerado pela gestão”, afirmou Jó Pereira.
Já o deputado Silvio Camelo (PV) defendeu as ações governamentais. Segundo o líder, a gestão Renan Filho foi a que mais investiu em educação, e a prova seria o desempenho do Estado no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica].