Mourão diz que desmatamento aumentou por povoação na Amazônia
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que o crescimento do desmatamento na Amazônia está associado ao avanço da população na região.
A declaração foi dada nesta sexta-feira (19), ao comentar os dados do novo relatório do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre o desmate da floresta. Os números, divulgados nesta quinta-feira (18), mostram o recorde de desmatamento nos últimos 15 anos.
Mourão afirmou ainda que só teve conhecimento dos dados na quinta-feira. Como a Folha mostrou, o Inpe concluiu os dados em 27 de outubro e inseriu o relatório no sistema eletrônico de informações do governo federal no mesmo dia, mas a disponibilização só foi feita nesta quinta, período posterior à COP26, conferência da ONU sobre mudanças climáticas ocorreu em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 13 de novembro.
“Não acredito nisso aí. Isso aí não passou por mim. Não posso dizer algo dessa natureza, seria uma leviandade de minha parte. Ano passado esses números só foram divulgados em novembro. Tanto que eu fui até São José dos Campos [no interior de São Paulo] no dia da divulgação dos números”, disse ao ser questionado se havia sido proposital a demora na divulgação.
Nesta quinta-feira, os atuais dados do Prodes foram disponibilizados no site do Inpe sem qualquer ação de divulgação. À noite, os ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Anderson Torres (Justiça) participaram de uma coletiva de imprensa para comentar os dados.
Leite afirmou que os números são inaceitáveis e prometeu uma atuação “contundente” no combate a crimes ambientais. Ele foi questionado em duas ocasiões sobre a data da elaboração dos dados pelo Inpe -27 de outubro-, mas alegou só ter tido acesso à informação na própria quinta.
A explosão do desmatamento da Amazônia medida pelo Prodes contradiz afirmação feita anteriormente por Mourão. Na última reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal, em 24 de agosto, ele chegou a antecipar o que seria a evolução do dado consolidado do Prodes: uma queda de 5% do desmatamento em comparação ao ciclo anterior.
“Os dados que nós tínhamos eram os números do Deter. No Deter nossa projeção era que ele ficasse 5% abaixo do ano anterior. Só que o que aconteceu: o Inpe fez uma revisão do ano anterior, se vocês olharem diminui, e esse aumentou. Não sei se ano que vem pode dar uma reduzida nesse também. Estamos analisando”, argumentou.
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