Round 6: cinco crianças vão parar no hospital após tentarem imitar jogo da série

Cinco crianças foram parar no hospital depois de tentarem imitar uma brincadeira da série coreana Round 6 (Squid Game), da Netflix. O caso aconteceu na região de Crégy-lès-Meaux (França), no último dia 13 de outubro.

Segundo o jornal Le Parisien, os alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental do colégio George-Sand foram “esmagados e pisoteados” por colegas mais velhos, que tentavam reproduzir uma das cenas da série em um dos corredores da escola.

A direção do colégio admitiu que a situação “fugiu do controle” e acabou se tornando violenta. Três dos alunos que começaram a brincadeira já estão com processos de expulsão encaminhados. Não foi divulgada qual cena da série os estudantes tentaram imitar.

Lançada em setembro, a nova série coreana Round 6, da Netflix, já foi parar na lista de maiores sucesso da história do streaming. No entanto, paralelamente ao sucesso, vem causando polêmica — e uma das discussões gira em torno do fato de que crianças e adolescentes estão assistindo à surpreprodução, que tem classificação etária de 16 anos.

Na série, brincadeiras infantis bastante conhecidas – como “batatinha frita 1, 2, 3”, “bolinha de gude” e “cabo de guerra” – são utilizadas em uma espécie de jogo de sobrevivência, no qual os participantes que não atingem o objetivo final são assassinados. E tudo isso por um prêmio milionário. As cenas também contêm torturas psicológicas, violência explícita, suicídio, sexo e tráfico de órgãos.

Casos parecidos 

Esse não é o primeiro caso que veio a público de crianças tentando imitar o que viram na série. Uma escola na região da Valônia (Bélgica) também emitiu um alerta após alunos trocarem socos enquanto brincavam de “Batatinha 1… 2… 3…”.

No Rio de Janeiro, uma carta aberta emitida por uma escola viralizou e está circulando nas redes sociais. Nela, a instituição afirma que a série tem sido “assunto” entre os alunos de 7 e 8 anos durante o recreio e horários livres. “O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material. Lembramos, apenas para informação, que canais de streaming, como a Netflix e outros, possuem a ‘restrição de visualização por classificação etária’, uma ferramenta preciosa para que nossas crianças acessem somente o conteúdo apropriado à sua idade”, orientou a escola Aladdin, no Pechincha, na Zona Oeste.

O que dizem os especialistas

Em relação aos impactos de um conteúdo impróprio em crianças e adolescentes, a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP), explica que varia de uma pessoa para outra. “Alguns podem ficar impressionados, outros admirados. Mas falando especialmente de crianças pequenas, normalmente, elas podem ter pesadelos, medo de ficarem sozinhas, confundir realidade com ficção, ficarem ansiosas… Esses são alguns dos possíveis impactos”, exemplificou.

Por isso, segundo a especialista, o ideal é sempre dialogar, antes mesmo da proibição. “Hoje, as crianças estão muito livres para fazerem escolhas em relação aos programas que vão assistir. Vimos que, muitas vezes, os pais estão trabalhando e não têm tempo para fiscalizar. É importante que eles tenham um canal de comunicação com os filhos e conversem sempre sobre o que é pertinente e saudável para a idade. É interessante estabelecerem, juntos, possibilidades de escolhas, isto é, dar opções que sejam do interessa da criança. Esse é o primeiro passo”, orienta. “No entanto, o que não é permitido para a idade, não cabe aos filhos assistirem nesse momento. Esse limite deve ser estabelecido pelos pais e estar claro para as crianças. Mesmo assim, os responsáveis devem sempre manter um controle sobre o que os filhos estão assistindo”, finalizou a neuropsicóloga.

 

Revista Crescer

 

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