Desemprego e pejotização fazem Alagoas liderar abertura de MEIs no país

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Alagoas foi o estado brasileiro que registrou o maior aumento no número de Microempreendedores Individuais (MEis) no segundo quadrimestre deste ano, de acordo com o boletim do Mapa das Empresas do Ministério da Economia, divulgado na quinta-feira (30). Segundo o documento, a alta foi de 62,4% entre os meses de maio e agosto. Durante este período, foram 13.553 novos MEIs em Alagoas, ante 7.581 no mesmo período do ano passado.

Os dados do Mapa apontam que no acumulado do ano o registro de MEIs em Alagoas apresenta alta de 70%, saindo de 14.710 nos oito primeiros meses de 2020 para 25.081 em 2021. Os números deste ano representam um registro de MEI a cada quatro horas em Alagoas.

Atualmente, Alagoas conta com 122.305 MEIs, sendo 63.836 homens e 58.469 mulheres. Especialistas apontam que entre os fatores para a guinada desta modalidade de empreendedorismo estão o desemprego e a pejotização, que é quando o trabalhador deixa de ser celetista, ou seja, ter a carteira de trabalho assinada, para ser um prestador de serviço da empresa.

O trabalhador se torna uma “empresa” que presta serviços para outras empresas. O economista Jarpa Aramis explica que “quando a gente tem um momento onde a oferta de trabalho ela está reduzida, ou seja, a taxa de desemprego está alta, as pessoas vão procurar alternativas, vão empreender”. O publicitário Lucas Basílio de Araújo, nome fictício usado a pedido do entrevistado, de 28 anos, explica que se tornou PJ (Pessoa Jurídica) para trabalhar com serviços eventuais e garantir renda extra. “Em nenhum momento pensei que essa modalidade se tornaria a minha modalidade de trabalho fixo. As coisas foram acontecendo”, relata. O jovem diz que sente falta do trabalho celetista em razão da segurança que tinha nessa modalidade.

“Na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) nós temos garantias mais sólidas, direitos consolidados ao longo de anos e que, mesmo com os muitos ataques a esses direitos, garantem o mínimo de dignidade aos trabalhadores”, avalia.

Contudo, ele diz entender a ideia da “pejotização” e como ela poderia garantir um mercado de trabalho mais dinâmico e até forte. “Mas a questão é que o nosso mercado de trabalho, os empresários e os próprios trabalhadores não possuem maturidade para isso. As relações de trabalho são de baixíssima qualidade”, comenta. As estatísticas do Portal do Empreendedor mostram que a atividade com maior número de MEIs em Alagoas é o comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 11.912. Logo em seguida aparecem os cabeleireiros, com 7.516 formalizados como MEIs.

Completa o ranking o comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios – minimercados, mercearias e armazéns, com 4.840 formalizados. Na última semana, a Gazeta mostrou que Alagoas conta com 164.775 empresas ativas, ou seja, 74% são MEIs. No segundo quadrimestre, 4.652 empresas foram fechadas no estado, o que dá um saldo positivo de 11.200, tendo em vista que foram abertas 15.852 negócios no período. Nos últimos doze meses, 41.107 empresas foram abertas e 11.907 fechadas, o que dá um saldo de 29.200.

O Mapa das Empresas ressalta que Maceió é uma das capitais pioneiras nos avanços para a automatização das respostas de consulta prévia de viabilidade locacional e reduziu em 23 horas o tempo médio de viabilidade, quando comparado com o primeiro quadrimestre de 2021. De acordo com o boletim, o tempo médio de abertura de uma empresa em Alagoas no segundo quadrimestre deste ano foi de 1 dia e 11 horas, o que representa uma redução de 16 horas em relação ao mesmo período do ano passado. Este é o quinto menor tempo do Brasil.

 *Com Gazeta Web

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