Tumulto, deboche e troca de farpas: veja como foram as 6 horas de depoimento de Hang à CPI
Em sessão tumultuada, o empresário bolsonarista Luciano Hang prestou, nesta quarta-feira (29/9), mais de seis horas de depoimento à CPI da Covid-19. Hang foi acompanhado de uma “tropa de choque” de senadores governistas, dentre os quais constava, inclusive, Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
O bolsonarista tentou ditar o andamento da audiência e irritou os senadores. Em determinado momento, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu a saída de um dos advogados do depoente. Após tumulto e suspensão da sessão, a oitiva foi retomada, mas, ao longo do dia, houve propaganda da empresa de Hang e de medicamentos sem eficácia comprovada para a Covid-19, em detrimento de respostas concretas.
“O senhor não tem esse direito de debochar de 600 mil vidas perdidas! O senhor não tem esse direito”, disse Carvalho.
Aliado do mandatário da República, o empresário – que assumiu a alcunha de Veio da Havan, dada por críticos – é suspeito de ter financiado a disseminação de fake news em blogs bolsonaristas e o grupo de consultores informais do presidente Jair Bolsonaro. Outra situação que envolve Hang e a operadora de saúde Prevent Senior é o caso da possível alteração na certidão de óbito da mãe dele, Regina Hang, supostamente a pedido do próprio empresário.
Hang disse que tomou conhecimento pela CPI da Covid-19 da adulteração na certidão de óbito da mãe, Regina Hang. A mudança teria sido feita pela equipe médica da Prevent Senior. Mesmo assim, o bolsonarista acredita que o colegiado foi “induzido ao erro” pelo dossiê elaborado por ex-médicos da operadora de saúde, no qual constam denúncias contra a empresa.
Em meio às inúmeras propagandas feitas pelo empresário durante o depoimento, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), rebateu o bolsonarista dizendo que ele não era mais honesto do que ninguém naquela sala, nem mais trabalhador do que nenhum brasileiro.
O apoiador do presidente também admitiu que fez campanha para arrecadar e doar medicamentos sem comprovação de eficácia para a Covid-19, o que foi visto por senadores como atestado de culpa. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) destacou que a atitude do bolsonarista contraria a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e a legislação brasileira, por não ser uma política pública nem ter amparo científico.
“No momento em que o senhor se reúne na sua cidade com vários empresários, faz a arrecadação para compra de um medicamento que não tem eficácia comprovada e faz a distribuição, o senhor está indo ao contrário daquilo que é determinado na legislação brasileira. É uma prática, senhor Luciano [Hang], que pode resultar na vida das pessoas. O senhor sabe disso, não é?”, disse Eliziane Gama.
Ao fim do depoimento à CPI, Hang, que é estimulado por bolsonaristas a disputar um cargo eletivo, anunciou que só vai decidir sobre candidatura em 2022.
Metrópoles
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