PRTB articula candidatura de Mourão ao governo do Rio e apoio de Bolsonaro

O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) ainda insiste em uma possível candidatura do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, ao governo do Rio de Janeiro. Em entrevista a VEJA nesta terça-feira, 28, o presidente regional da legenda, Antônio Carlos dos Santos, afirma que Mourão é o “sonho de consumo” da sigla para concorrer ao Palácio Guanabara nas eleições de 2022. Segundo ele, o objetivo é que o projeto político tenha o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mourão decidirá se disputa ou não o cargo até o fim do ano, já que ainda existe a possibilidade dele brigar por uma vaga no Senado.

Para tentar viabilizar a candidatura de Mourão, Santos se reuniu com partidos como Republicanos, Patriota, DEM e PTB, que hoje fazem parte da gestão do atual governador Cláudio Castro (PL). Castro é pré-candidato à reeleição e, para construir uma grande aliança no ano que vem, abriu as portas do governo. Ele loteou secretarias e distribuiu cargos para um total de 16 legendas. O presidente do PRTB no Rio também tem produzido relatórios sobre a situação do estado, principalmente na área econômica, com a ajuda de técnicos de universidades. Os documentos são encaminhados a Mourão em reuniões semanais, em Brasília.

“A questão do general Mourão para o governo ou para o Senado é uma decisão somente dele. Mas o sonho de consumo do PRTB é uma candidatura a governador. Venho articulando muito por isso. Estou na política há pouco tempo. Entrei no partido em janeiro a convite do Mourão. Ele confiou essa articulação no Rio a mim. Sei como funciona a máquina do governo estadual. Há 10 dias, me reuni com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e com a ONU (Organização das Nações Unidas). Vou formulando os dados e apresentando ao Mourão”, diz Santos, ex-presidente do Detran-RJ e ex-gestor dos programas Segurança Presente e Lei Seca.

Recentemente, o presidente regional do PRTB também esteve com Gutemberg Fonseca, ex-secretário estadual na administração do ex-governador Wilson Witzel (PSC) e um dos coordenadores de campanha do ex-prefeito da capital, Marcelo Crivella (Republicanos). Pré-candidato a deputado federal, Gutemberg é próximo do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente da República. A ideia é a de sensibilizar Bolsonaro a apoiar Mourão mesmo com rumores de rusgas entre os dois nos bastidores. Em entrevista exclusiva a VEJA, Bolsonaro falou sobre o seu vice.

“Se eu vier a ser candidato, não vai mais se repetir o que aconteceu em 2018. O vice tem que ter algumas características, tem que ajudar você. E tem que ajudar no tocante ao voto também. Então, o pessoal diz pra mim: ‘Ah, o vice ideal é de Minas ou do Nordeste’. Então, tudo isso a gente vai botando na mesa. O Mourão, por exemplo, eu acho que não está fechada a porteira para ele ainda. Agora, o Mourão não tem a vivência política. Praticamente zero. E depois de velho é mais difícil aprender as coisas. Mas, no meu entender, seria um bom senador”, declarou Bolsonaro.

Incluído em pesquisas eleitorais, Mourão apresentou bons números ao governo do Rio. Segundo o Instituto Gerp, em agosto, o vice-presidente liderava com 18% das intenções de votos, seguido pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), com 15%. Paes, porém, descartou ser candidato ao Guanabara em 2022. Em terceiro lugar, aparecia o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), com 12%. A possível presença de Mourão na disputa animou até parlamentares bolsonaristas mais radicias que estão no PSL, como a deputada estadual Alana Passos e o deputado federal Luiz Lima, entre outros.

Caso a candidatura de Mourão vá à frente, Cláudio Castro pode ter problemas para atrair votos de eleitores de direita. Durante o processo de impeachment de Witzel, Castro se aproximou do clã Bolsonaro de olho na eleição do ano que vem e também ofereceu cargos em troca de uma futura aliança. No entanto, em entrevista à CNN nesta segunda-feira, 27, Castro criticou o governo federal. Ele ressaltou que a alta nos preços dos combustíveis, por exemplo, não era culpa dos governadores e, sim, da Petrobras. Castro e outros 19 governadores assinaram uma carta em que afirmam que o tema é um “problema nacional”. O documento ainda rebate falas de Bolsonaro.

“Não vejo hoje nenhuma semelhança entre os governos Castro e Bolsonaro. O apoio do presidente a ele é até a página 2. O PSDB, do governador de São Paulo, João Doria, comanda a Secretaria estadual de Obras. Não sabemos se o Cláudio Castro é de direita, de esquerda ou do centro”, alfineta Santos.

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