Assassinato de professor da Ufal foi premeditado, diz delegado

José Acioly da Silva Filho / Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

O professor José Acioli da Silva Filho, de 59 anos, foi morto pelo namorado em um crime premeditado. O carro da vítima foi roubado após o assassinato, na sexta (16), mas o suspeito já vinha negociando a venda do veículo antes disso. A informação foi divulgada nesta segunda (20) em uma entrevista coletiva na Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP).

O suspeito, de 22 anos, foi preso em cumprimento de mandado de prisão temporária e negou o crime. Ele não tem passagem pela polícia, é casado e tem dois filhos. O irmão dele, um adolescente de 17 anos, chegou a ser apreendido, mas foi liberado por falta de provas que o ligassem ao homicídio.

“Para nossa surpresa, desde o dia 10 de setembro esse veículo já vinha sendo negociado, ou seja, a morte foi planejada. Provavelmente ele [o namorado] manteve contato com a vítima, viu a facilidade que tinha para entrar na residência, de conhecer o potencial financeiro e arquitetou toda essa situação”, informou o delegado Ronilson Medeiros.

O delegado diz que o suspeito continua preso e deve ser ouvido novamente. “Inicialmente, ele falou que esse carro foi repassado e que ele estaria apenas negociando”.

Familiares e amigos do professor do departamento de artes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) também já prestaram depoimento, na condição de testemunhas. Eles afirmaram que o relacionamento da vítima com o jovem preso era recente e que quase ninguém o conhecia.

“Familiar nenhum tinha conhecimento [do relacionamento], no entanto, um amigo próximo tinha conhecimento. E foi esse amigo quem passou todas as informações”, explicou Medeiros. Esse amigo é dentista e, a pedido do professor, faria um tratamento ortodôntico no namorado.

O corpo da vítima foi encontrado em sua residência, no bairro do Poço. As investigações chegaram ao primeiro suspeito quando o carro roubado foi encontrado. “Com essa divulgação, o carro foi identificado nessas imediações de Guaxuma e que o cara estaria naquela região tentando vender o carro”, disse.

A Polícia Civil ainda investiga a participação de mais pessoas no crime. “Até porque, pelo montante de objetos subtraídos [da casa da vítima], pode ser ou não que a pessoa teve ajuda de um terceiro. Isso ainda ficou em aberto”, afirmou o delegado.

A perícia feita no Instituto Médico Legal (IML) apontou que o professor foi morto por asfixia causada por estrangulamento. A vítima apresentava hematomas com equimoses, um tipo de ferimento que comprova que o professor foi espancado antes de ser assassinado.

“Nas partes íntimas da vítima havia algumas lesões, o que leva a considerar que, possivelmente, foi um crime de ódio. Ele não se contentou em matar a vítima, ele ainda a torturou. Esse é um fato relevante para mostrar que esse tipo de crime não pode ficar impune”, afirmou Ronilson Medeiros.

“Nesse caso a gente consegue perceber claramente a questão da homofobia. Não foi o simples fato de matar, ele se preocupou em torturar justamente na partes íntimas da vítima. Não teria sido qualquer tipo de tortura”, explica o delegado.
O corpo do professor foi sepultado na sexta. Acioli era considerado por amigos “militante incansável contra a LGBTQIAfobia em Alagoas, que a ferro e fogo defendia a liberdade sexual e igualdade de gênero”. Em nota divulgada nas redes sociais, o Grupo Gay de Maceió classifica o caso como “crime de ódio e preconceito”.

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