Bolsonaro reúne ministros no Conselho de Governo sem Mourão
O presidente Jair Bolsonaro reúne ministros do governo no Palácio do Planalto, neste quarta-feira, 8, após as manifestações de 7 de Setembro. A reunião do Conselho de Governo foi convocada ontem pelo presidente, que ainda anunciou a pretensão de convocar o Conselho da República para “enquadrar” os demais Poderes.
O encontro ainda não entrou na agenda oficial do Planalto. O vice-presidente Hamilton Mourão não participa da reunião e deve cumprir agenda no Pará.
O Conselho de Governo tem caráter consultivo, para discutir ações da gestão federal. É o próprio presidente quem convoca os membros para a reunião e designa um deles para presidir o encontro. Dois ministros ouvidos pelo Estadão, ontem, afirmaram que a pauta da reunião será a análise dos atos desta terça-feira, 7, e negaram que a convocação do Conselho da República esteja entre os temas do encontro.
O encontro do conselho de ministros é periódico e já ocorreu algumas vezes durante a atual gestão. A última vez que o grupo foi convocado, porém, foi há nove meses, em novembro do ano passado. Desde então, Bolsonaro tem optado por reunir grupo menores de ministros no Palácio do Planalto, sem reunir o conselho oficialmente. A estratégia era uma forma de evitar que Mourão participasse no momento em que havia desavenças entre o vice e o presidente, que nem sequer estavam se falando.
Citado por Bolsonaro em seu discurso durante as manifestações de 7 de Setembro em Brasília, a reunião do Conselho da República, que avalia pedidos de intervenção federal ou de decretos de estado de sítio, não está agendada.
No discurso em tom de ameaça aos outros Poderes, Bolsonaro disse que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também participariam da reunião, mas nenhum deles ainda foi convidado.
Fux, que não participa formalmente do Conselho da República, já afirmou por meio de sua assessoria que não iria a qualquer reunião do colegiado, uma vez que não faz parte dele, de acordo com a previsão constitucional. Nos últimos meses, os dois têm sinalizado que não apoiarão tentativas de ruptura institucional por parte de Bolsonaro.
Em seu discurso em São Paulo, onde manteve o tom de ataques ao Supremo, Bolsonaro não mencionou qualquer encontro com integrantes de outros Poderes.