Médico denuncia homofobia em grupo de colegas de profissão de Alagoas

Um médico alagoano denunciou um colega de profissão por compartilhar conteúdos homofóbicos no grupo de WhatsApp da Cooperativa dos Anestesistas de Alagoas (Coopanest/AL). O anestesista Rafael Peterson prestou queixa nesta quinta-feira (22) no Ministério Público de Alagoas (MP-AL).

O grupo reúne mais de 90 médicos anestesistas do estado. O médico contou que as duas mensagens foram divulgadas na tarde desta quinta. Ele disse que uma delas retrata uma interlocução entre crianças e dois pais do sexo masculino que pedem aos pais que não deixem que as crianças assistam ao vídeo porque promove a destruição da família.

A outra postagem, segundo ele, é uma foto que mostra uma mão em formato de garra indo em direção a família composta por um casal, homem e mulher, e mais dois filhos, e essa mão em garra está com as cores representativas da comunidade LGBTQIA+.

“Na postagem está escrito ‘amigos, viados e demais letras nada contra vocês, mas a família é sagrada” conta o médico, ao esclarecer que o objetivo de fazer o relato é para coibir esse tipo de ação.

“O meu objetivo é que ações como essas sejam coibidas e que se tomem as devidas decisões judiciais para que essas situações não aconteçam mais”
— Rafael Peterson, médico

“Postagem como estas com conteúdos discriminatórios que promovem a exclusão social e incitam preconceitos devem ser coibidas. E foram realizadas em um grupo de médicos anestesiologistas cujo objetivo é discutir questões profissionais e foi por um médico que exerce uma atividade tão nobre. A gente vê esse tipo de ação em que a gente que tem uma orientação sexual diferente dos demais se sinta discriminado, excluído e ainda ver a incitação ao preconceito a partir do momento que dissemina mensagens como essas”, expõe.

Ele conta que prestou queixa no MP para que casos como esse não aconteçam mais. Peterson disse que em 2015 sofreu uma ameaça verbal em um hospital que trabalhava por um colega de profissão e na época não fez a denúncia.

“Recentemente em frente a minha residência eu recebi violência gratuita por prestadores de serviço. E agora eu vejo essa ação extremamente desconfortável dentro de um grupo de profissionais que sabem da minha orientação sexual, da minha ação enquanto cidadão, enquanto pessoa que exerce suas obrigações tanto profissional como familiar”, disse.

Peterson divulgou sobre a denúncia e com imagens de alguns prints em sua rede social. “O meu objetivo é que ações como essas sejam coibidas e que se tomem as devidas decisões judiciais para que essas situações não aconteçam mais”, completou.

A reportagem do G1 tentou contato com a Coopanest/AL, mas não conseguiu até a publicação da matéria.

No Brasil, a homofobia passou a ser criminalizada em 2019. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo.

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