Como foi a decisão que definiu o afastamento de Rogério Caboclo da CBF

A decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro que afastou Rogério Caboclo da presidência da CBF foi o desfecho de uma série de acontecimentos iniciada na sexta-feira no âmbito do órgão que apura desvios de conduta.

A gravidade das provas apresentadas pela funcionária da CBF, que denunciou Caboclo e pediu sigilo, é o fio condutor da história. Ela entregou à Comissão de Ética três arquivos de áudio, acompanhados de três transcrições. Os conselheiros ouviram e leram o conteúdo antes de tomarem a decisão de ontem (6).

Pelas provas, Caboclo faz comentários considerados “absolutamente inapropriados”, na visão da comissão de ética, a respeito de sua vida conjugal e sexual, além de questionamentos dirigidos à funcionária de forma “constrangedora”. A funcionária ainda gravou o momento no qual deixou a sala do presidência e fugiu do diálogo. Em outro áudio, Caboclo ainda adotou mais condutas inadequadas ao cargo.

O Fantástico, da TV Globo, revelou trechos dos diálogos. Caboclo chega a perguntar: “Você se masturba?”.

A comissão de ética se manifestou porque foi instada por outras vias dentro desse processo. A carta do diretor de compliance da CBF, André Megale, que pediu a Caboclo que se afastasse por iniciativa própria, foi inserida nos autos. Da mesma forma, outra representação de um dos vice-presidentes engrossou as fileiras, representando o bloco de cinco VPs da CBF que se articularam de forma mais direta pelo afastamento de Caboclo.

Para pedir uma decisão imediata da comissão de ética, os dirigentes argumentaram que a notícia sobre o então presidente da CBF pegou a todos de surpresa, gerou repercussão negativa e abalou a relação com patrocinadores. As manifestações trouxeram respaldo para que o órgão pudesse determinar o afastamento de Caboclo por pelo menos 30 dias, podendo ser prorrogado.

Os julgadores enxergaram um ambiente insuportável para o desenvolvimento dos trabalhos da funcionária, além de considerarem incompatível o comportamento de Caboclo. O presidente afastado nega todas as acusações.

O artigo 143 do estatuto da CBF concedeu à diretoria da entidade de concretizar a determinação do afastamento compulsório e, por ora, temporário de Caboclo.

O cenário recente envolvendo Rogério Caboclo resultou em um isolamento na entidade. Não houve quem tomasse partido a seu favor diante do desgaste crescente nos últimos meses e da iminência de um cenário que culminasse com a perda do poder – como de fato aconteceu.

Em nota, a defesa do dirigente informa que “Rogério Caboclo nega veementemente ter cometido qualquer ato de assédio. Embora ele reconheça que houve brincadeiras inadequadas e excesso de intimidade, é preciso deixar claro que essas decorreram do fato de que havia uma relação de amizade entre ambos, que a denunciante esteve várias vezes na casa dele, convivia com sua família e que ambos conversavam com frequência sobre assuntos de natureza pessoal. Mas jamais ele se aproximou fisicamente da denunciante, menos ainda fez qualquer movimento ou proposta no sentido de se aproveitar de forma libidinosa dela”.

A nota da CBF sobre o afastamento de Rogério Caboclo

A CBF informa que recebeu na tarde deste domingo, 6, decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro suspendendo temporariamente (pelo prazo inicial de 30 dias) o Presidente Rogério Caboclo do exercício de suas funções. Seguindo o Estatuto da entidade, toma posse interinamente, por critério de idade, o vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima. A decisão é sigilosa e o processo tramitará perante a referida Comissão, com a finalidade de apurar a denúncia apresentada.

UOL

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