Cresce número de pessoas mortas por policiais na ativa em Alagoas

Alagoas registrou aumento do número de pessoas mortas por policiais civis e militares na ativa em 2020. Foram 95 registros (2,8 a cada mil habitantes), dois a mais que no ano de 2019, quando foram contabilizadas 93 mortes.

Já o número de policiais assassinados em serviço caiu no estado. Em 2020 foram registradas as mortes de 2 policiais, o que corresponde a uma taxa de 0,2 a cada mil policiais. No ano anterior, 3 policiais da ativa foram mortos.

Os dados, inéditos, fazem parte de um levantamento feito pelo G1 com base nas informações oficiais de 25 estados e do Distrito Federal. Apenas Goiás não respondeu (saiba mais sobre a situação no país ao final do texto).

Foram solicitados os casos de “confrontos com civis ou lesões não naturais com intencionalidade” envolvendo policiais na ativa. Os pedidos foram feitos para as secretarias da Segurança Pública dos estados por meio da Lei de Acesso à Informação e das assessorias de imprensa.

A reportagem entrou em contato com a SSP-AL para comentar o aumento da letalidade policial e aguarda resposta.

Violência policial deixa traumas

Uma das vítimas da letalidade policial em 2020 foi o servente de pedreiro Jonas Seixas, que desapareceu após ser levado em uma viatura policial no mês de outubro, em Maceió. O corpo dele nunca foi encontrado, mas cinco PMs foram indiciados pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar por sequestro, tortura, homicídio e ocultação do cadáver.

A mãe de Jonas, Claudineide Seixas, disse que se sente impotente diante do envolvimento de policiais no desaparecimento e morte do filho. Para ela, é contraditório que profissionais que deveriam oferecer segurança e proteção cometam crimes contra a população.

“O desaparecimento do meu filho veio de pessoas que devem zelar pela segurança independentemente de que a pessoa seja errada ou certa. Eles devem proteger e não espancar, humilhar. Eles devem respeitar um pai de família, respeitar um ser humano independentemente da situação”, disse a mãe de Jonas Seixas.

Ela conta que a família tenta superar o trauma, mas que a situação é mais difícil para as crianças.

“O filho dele [Jonas] mais velho foi na venda, viu um carro de polícia e veio correndo pra casa. Eu perguntei o que foi e ele disse: ‘O carro da polícia vem ali, vovó. Eles prenderam e mataram meu pai. Vão fazer isso comigo também’. Para você colocar na cabeça de uma criança que isso não vai acontecer é muito difícil, muito complicado”, lamentou.

Letalidade e vitimização policial pelo país

O Brasil teve 198 policiais assassinados em serviço e de folga em 2020, um aumento de 10% em relação a 2019. O Piauí foi o estado com a maior taxa de policiais mortos (1 a cada mil policiais). Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Tocantins foram os únicos estados que não registraram morte de policial em 2020.

Em todo país, ao menos 5.660 pessoas foram mortas por policiais em 2020. Isso representa uma ligeira queda de 3% em relação a 2019, quando foram registradas 5.829 vítimas. O Rio de Janeiro teve 575 mortes a menos de um ano para o outro, puxando a redução no país

Ao todo, 17 estados registraram crescimento nas mortes por forças policiais. O Amapá foi o estado com a maior taxa de letalidade policial em 2020: 12,8 por 100 mil habitantes.

G1

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