Caso Henry: filho de ex-namorada de Jairinho voltou com o fêmur quebrado após sair sozinho com o vereador

Além de ter voltado atrás e confessado ter sofrido agressões de Dr. Jairinho, quando os dois tinham um relacionamento amoroso, a estudante Débora Melo Saraiva, ex-namorada do vereador, contou nesta sexta-feira à polícia que seu filho foi a uma festa infantil com o padrasto e voltou com uma lesão na perna. O vereador, que foi preso após o assassinato de Henry Borel, de 4 anos, teria dito à ex-companheira que gostaria de sair sozinho com a criança porque, de acordo com o político, sua ex-mulher, a dentista Ana Carolina Netto, não o deixava ver o próprio filho.

“Deixa eu levar ele. Porque a Ana não deixa eu levar o meu filho, não deixa eu ver o meu filho. Deixa eu levar o seu, eu que cuido, eu que sou o pai. Só quero levá-lo para se divertir”, teria lhe dito Jairinho, segundo novo depoimento da estudante na 16ª DP (Barra da Tijuca). Débora então disse que, pouco tempo depois, o vereador ligou dizendo que o menino havia torcido o joelho. Médicos de uma clínica particular da Barra, que examinaram a criança, constataram, no entanto, que ela tinha uma fratura no fêmur. A mãe afirmou ter estranhado o fato de o filho não ter chorado em nenhum momento, mesmo diante da lesão grave.

Violência no sofá de casa

A estudante disse que o filho, hoje com 8 anos, relatou para ela que, em 2015, quando tinha menos de 3 anos, foi vítima de outra violência de Jairinho. O garoto relatou que o vereador colocou um papel e um pano em sua boca, avisando que ele não poderia engoli-los. O vereador deitou a criança no sofá da sala, subiu no móvel e pisou com os pés sobre o corpo do menino.

Nesse novo relato aos policiais que investigam a morte de Henry, na madrugada do dia 8 de março, dentro de casa, Débora disse que “não é capaz de contabilizar” as inúmeras agressões de que foi vítima. Em 2020, quando os dois estavam na casa da família de Jairinho em Mangaratiba, a estudante diz ter sido agredida porque tentou impedi-lo de ler o conteúdo do seu celular. Ela narrou que recebeu um “mata leão”, foi arrastada pela casa e mordida três vezes no couro cabeludo. Em outra ocasião, no mesmo ano, Débora teria sido chutada por Jairinho, o que provocou a fratura de um dos seus dedos do pé, que foi imobilizado numa clínica particular no Méier.

Débora contou que, sempre após as explosões de fúria, quando questionado sobre o motivo de seu comportamento, Jairinho reagia como se nada tivesse acontecido. “Tá maluca? Eu não fiz isso. Eu não fiz nada”, respondia, de acordo com ela.

Segundo a estudante, o relacionamento dos dois, que durou seis anos, terminou em outubro do ano passado, quando ela ficou sabendo que o vereador estava namorando Monique. Monique Medeiros e Dr. Jairinho, que foram presos, vão responder por homicídio duplamente qualificado. Henry Borel morreu com 23 lesões por todo o corpo no apartamento do casal no Condomínio Majestic, na Barra.

Em seu primeiro depoimento à polícia, Débora admitira apenas ter um relacionamento conturbado com Jairinho, mas não mencionou agressões. Ela também negou, na ocasião, que uma queda do filho na casa de Mangaratiba do político tivesse a ver com violência. A mãe contou que fora uma queda. Na madrugada da morte de Henry, ela trocou mensagens com Jairinho.

Ex-empregada acusa

Localizada pelos investigadores, a ex-empregada de Débora, a dona de casa Valéria Batalha, que cuidava dos dois filhos da estudante, citou ao menos quatro episódios de agressões por parte de Jairinho. Em uma das vezes, a criança chegou a ficar internada cerca de uma semana, acompanhada da avó, que, segundo ela, chamava o vereador de “Monstro”. Ela acredita que o apelido se devia à conduta violenta de Jairinho. Valéria contou que certa vez a criança “ficou com o rostinho muito roxo, os olhinhos fechados” e passou mais de uma semana hospitalizada.

 

 

 

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