Segunda onda da Pandemia causa exaustão física e psicológica dos profissionais da saúde
Nesse novo momento a pandemia do coronavírus está ainda mais forte e contagiosa, aumentando consideravelmente o número de infectados e fazendo com que os leitos de UTIs e enfermarias estejam constantemente lotados. O cenário vivenciado na Unidade Covid do Hospital Regional Santa Rita e maternidade Santa Olímpia não é diferente.
Desde o início a Instituição buscou cumprir o seu papel, disponibilizando seus serviços e a assistência para os pacientes. Contudo, a situação é preocupante, seja pelo crescente número de casos, como também pela exaustão física e psicológica vivenciada e presenciada pelos profissionais de saúde nesse segundo momento da pandemia.
“Estamos tentando nos manter fortes, mas a situação não está fácil. A Unidade tem recebido pacientes cada vez mais jovens e sem comorbidades, e pacientes que desenvolvem a forma mais grave do vírus. Já perdemos colegas médicos, colaboradores, amigos, e isso nos deixa abalados”, comenta Dr. Pedro Gaia – Provedor do HRSR.
No início, a unidade covid contava com 11 leitos e esse número foi ampliado. Atualmente são 20 leitos – sendo 10 UTI e 10 Enfermaria. Mesmo assim, a taxa de ocupação ultrapassa os 80% quase todos os dias.
“Alguns meses atrás pensávamos que tínhamos superado os problemas e chegamos a acreditar que as Unidades Covid-19 seriam desativadas. Grave engano! Saímos de casa para tentar dar uma chance aos pacientes. São pessoas que conhecemos internadas e muitas vezes se vão, sem que nossos esforços, tempo de estudo e experiência profissional façam qualquer diferença. Voltamos para casa com o sentimento de realização quando contribuímos para devolver uma pessoa para o seu lar. Nós que conhecemos de perto os perigos e caprichos dessa moléstia, sabemos reconhecer isto como uma vitória. Mas, não conheço ninguém que cultive o orgulho por estar na linha de frente, por ser chamado herói. O único consenso que colho dos meus companheiros de plantão, é o desejo de que tudo isso passe”, relata o médico Anestesiologista – Dr. Fabrício Jota.
A Unidade Covid do Santa Rita conta com uma equipe multidisciplinar, tecnicamente gabaritada para receber os pacientes. Foi implantado recentemente o serviço de psicologia para os pacientes e também para a equipe que está na linha de frente no combate ao coronavírus.
“Nós, enquanto profissionais, por mais que tenhamos a capacidade técnica, acabamos também tendo a parte mental e psicológica afetada devido à gravidade. E os pacientes também são familiares, amigos e colegas profissionais da saúde que estão conosco no dia a dia. Isso, de alguma forma, nos abre um alerta para sempre buscar melhorar o acolhimento, e é o que todos nós temos feito, desde o início, no Hospital Santa Rita”, relata Ismair – interno de Medicina do HRSR.
A importância da Humanização – é sabido que os pacientes Covid têm um diferencial, já que quando são internos ficam sem poder receber visitas; ou seja, ficam sem o apoio familiar no papel do acompanhante durante o internamento.
“Por mais que a família ligue todos os dias para saber o Boletim com as informações sobre a evolução do paciente, não tem como fazer a visita presencial, então, dentro do Hospital o paciente perde esse apoio. É nessa hora que a equipe do hospital precisa ser esse “braço” esse apoio, tentando suprir a ausência dos familiares no momento tão crítico”, detalha Ismair.
Exaustão
A enfermeira Isabelle Mascarenhas fala sobre o esgotamento dos profissionais de saúde: “Estamos cansados. Pedimos que a população se proteja e nos ajude nesse enfrentamento. Se fala muito em Heróis da saúde, pela nossa coragem de vir trabalhar todos os dias quando o que mais se pede é: quem puder, fique em casa! Mas, nós somos humanos, e cansamos, adoecemos e também morremos. Então, se cuidem e nos ajudem a cumprir o nosso papel na busca de salvar vidas”.
Roberta Sampaio – Assessoria HRSR