São famílias inteiras que se contaminaram juntas, pessoas que morrem com horas de diferença, jovens e idosos com a vida interrompida pelo coronavírus. Despedidas pela tela de um celular antes da intubação, enterro com caixão fechado e a impossibilidade de encontros para velar o corpo. A conta da tragédia é alta, e somos obrigados a aprender a lidar, de uma única vez, com luto, medo e desesperança.
“A ansiedade é gerada, especialmente, pela incerteza que marca o agora. Proteger-se e proteger a quem se ama é a primeira medida para lidar com a situação. O momento atual exige que cada pessoa faça sua parte para salvar o coletivo”, explica Danielle Vasconcelos, mestra em psicologia clínica e cultura pela UnB e psicóloga da Integrate.
A psicóloga Karla Peres, da clínica Inspiração K, explica que é preciso encontrar equilíbrio entre estar informado, saber o que está acontecendo (até para adotar medidas de controle de acordo) e manter a saúde mental. Não é fugir da realidade, pontua, mas desfocar um pouco. “É preciso buscar algumas coisas positivas, senão o emocional fica tão abalado que o paciente não dá conta e adoece. Nem todo mundo está preparado para o enfrentamento: ou se distrai, ou precisa de acompanhamento psicológico para enfrentar o luto coletivo”, frisa.