A promotora Amélia Campelo narra que no dia do fato, entre 14h e 17h, o empresário Cícero Andrade de Souza importunou sexualmente garçonetes que trabalhavam no bar em que ele estava. Amélia Campelo detalha que, no inquérito, foi apurado que o empresário chegou à barra de praia, visivelmente embriagado, acompanhado de um homem e algumas mulheres não identificados, e que após o grupo se acomodar em uma mesa, este passou a importunar as garçonetes alisando-lhes o corpo e perguntando se gostariam de ter um filho com ele, chegando a afirmar que pagava dez mil reais às mulheres que saíam com ele.
Consta no processo que, em dado momento, Cícero Andrade de Souza segurou uma garçonete tentando beijar-lhe a boca e que, ao perceber que as colegas de trabalho estavam constrangidas com a situação, um garçom reclamou da conduta dele e, a partir de então, a mesa passou a ser atendida por outro garçom, o qual também teria sido destratado pelo empresário, que não se agradou da substituição, e teria passado a chamar o novo atendente de “negrinho” e “macaco”.
A promotora continua narrando que, momentos após esses fatos, um sócio proprietário da barraca de praia chegou no estabelecimento e foi informado pelas garçonetes da situação, quando decidiu ir conversar com os clientes daquela mesa sobre tais condutas, o que também desagradou Cícero Andrade.
No entanto, após o proprietário sair, Cícero Andrade, já portando sua arma de fogo, foi em direção a um garçom e teria dado um tapa nas costas, momento em que teria passado a agredir-lhe verbalmente, além de chamá lo de “negrinho” e “macaco”.
Narra ainda o inquérito, que o garçom, ao perceber que a vítima estava armada, jogou os copos que estavam na bandeja em direção ao empresário, quando esse efetuou três disparos em direção ao garçom, o qual saiu correndo, tendo sido atingido por um tiro na perna. Neste momento, Cícero Andrade, devido ao estado de embriaguez, caiu ao chão.
Após os primeiros disparos, um sócio-proprietário da barraca foi em direção a Cícero Andrade para tentar acalmá-lo e levantá-lo, tendo este olhado para ele e dito “agora é sua vez”, chegando a apertar o gatilho por três vezes, mas a arma não disparou.
Por fim, o inquérito narra que, em sequência, Cícero Andrade foi ajudado pelo homem que o acompanhava, tendo sido levado para o carro, com o objetivo de se evadir do local. Consta ainda que os garçons estavam nas imediações do estacionamento e tentavam pegar a placa do veículo o qual não conseguiu sair de imediato porque o portão se encontrava fechado. Só que, ao perceber a atitude dos garçons, Cícero Andrade efetuou vários disparos em direção aos dois, descarregando sua arma, chegando a atingir um dos garçons no ombro.