Por enquanto, só essas duas vacinas possuem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. Pelas regras do órgão, nesse tipo de autorização é aplicado apenas um número predeterminado de doses de cada uma das vacinas.
Para que a distribuição não dependa de autorização a cada lote, é preciso um registro definitivo, que só foi concedido à Pfizer/BioNTech até agora. Na quarta (3/3), o Ministério da Saúde afirmou que está em vias de fechar negócio para comprar 100 milhões de unidades do imunizante. Ainda não há informações sobre a quantidade de doses a serem entregues por mês, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) garante que os primeiros produtos chegam em abril.
A outra empresa que pediu registro até o momento foi a AstraZeneca, mas ainda não há resposta por parte da Anvisa. Em entrevista coletiva na última semana, a agência reguladora explicou que faltam informações no dossiê sobre as doses da vacina, que foi desenvolvida em parceira com a Universidade de Oxford e será produzida no Brasil pela Fiocruz.
A Fiocruz deve começar a entregar os primeiros lotes do imunizante ainda em março. A expectativa é que sejam fabricados 108,4 milhões até julho deste ano. No segundo semestre, o laboratório deve ser capaz de produzir as doses de forma independente, sem precisar importar IFAs. O contrato com o Ministério da Saúde prevê a entrega de mais 110 milhões de doses entre agosto e dezembro.
Já a Coronavac, envazada pelo Instituto Butantan, só tem, por enquanto, autorização de uso emergencial e não entrou com processo de registro. Por isso, para cada novo lote, é preciso entrar com outro pedido de uso emergencial. Devem ser entregues 83,5 milhões de doses até setembro, de acordo com o contrato. Depois disso, a previsão é de mais 30 milhões até o final do ano.
Ainda em março, o Brasil receberá 2,6 milhões de unidades da vacina de Oxford/AstraZeneca adquiridas pela iniciativa Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em maio, outro carregamento, com 8 milhões de doses, será entregue.
O Ministério da Saúde também fechou contrato para a compra de 20 milhões de vacinas da indiana Covaxin, da farmacêutica Bharat Biotech. As entregas devem começar ainda em março, com 8 milhões de doses, e terminar em maio.
Apesar disso, a empresa ainda não entrou com pedido de uso emergencial ou de registro completo na Anvisa para viabilizar a aplicação da vacina. Os dados de eficácia ainda não foram publicados em revista científica e são apenas preliminares.
O governo ainda não finalizou a compra da vacina russa Sputnik V, que será fabricada pela União Química no Brasil. A empresa também não pediu registro ou uso emergencial na Anvisa. Caso o contrato com o Ministério da Saúde seja firmado, a previsão são 400 mil doses em abril, 2 milhões em maio e 7,6 milhões em junho.
A vacina da Janssen, braço da Johnson & Johnson, também está na reta final de negociações (como a da Pfizer). O imunizante, de uma dose só, está no processo de submissão continuada da Anvisa, ou seja, os dados estão sendo analisados conforme são liberados, para dar mais agilidade. O governo pretende comprar 38 milhões de doses.
Com as compras fechadas até o momento, o Brasil terá 349 milhões de vacinas até dezembro, o suficiente para imunizar 174,5 milhões de brasileiros (sem considerar as doses perdidas no processo). Caso o processo com a Pfizer, Janssen e União Química seja finalizado, o número sobe para 497 milhões de doses, o que imunizaria toda a população brasileira.
Proposta para 2022
A vacina da Moderna, que já está sendo aplicada nos Estados Unidos, também está na mira do governo. Porém, se o contrato para 30 milhões de doses for fechado, a entrega só acontecerá em janeiro de 2022.