Irmãs são internadas no Recife com Síndrome de Haff após comerem peixe

Duas irmãs foram internadas em um hospital particular no Recife apresentando mal-estar e dores após a ingestão de peixe da espécie arabaiana. Segundo a família delas, os médicos confirmaram o diagnóstico de Síndrome de Haff, conhecida como “doença da urina preta”O governo de Pernambuco informou que investiga cinco casos dessa doença rara no estado.

Os principais sintomas da Síndrome de Haff são:

  • falta de ar;
  • dormência e perda de força em todo o corpo;
  • urina cor de café (leia mais sobre isso abaixo).

A empresária Flávia Andrade, de 36 anos, e a irmã dela, a médica veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, chegaram ao Hospital Português, no bairro do Paissandu, na área central da capital pernambucana, no dia 18 de fevereiro.

A internação ocorreu horas após almoço, que tinha no cardápio o peixe arabaiana, também conhecido como “olho de boi”, de acordo com a mãe das pacientes, a empresária Betânia Andrade. O alimento foi comprado no bairro do Pina, na Zona Sul da capital.

“Flávia fez um almoço na última quinta-feira e convidou eu e Pryscila. Além de nós, tinha o filho de Flávia, de 4 anos, e duas secretárias. Os cinco comeram o peixe, menos eu. Quatro horas depois, Pryscila enrijeceu toda, teve cãibra dos pés até a cabeça e não conseguia andar. Meu neto, de madrugada, teve dores abdominais e diarreia, e as duas secretárias sentiram dores nas costas”, disse Betânia.

Irmã das pacientes e estudante de medicina, Aline, conta sobre o caso:

“As minhas irmãs comeram esse peixe e ele está aparentemente associado a uma toxina que leva à Síndrome de Haff. Elas consumiram esse peixe e, quatro horas após, apresentaram os sintomas. É um período muito curto, é uma doença rara. A minha irmã [Pryscila] teve um quadro de dor muito grande, ficou rígida, caiu dura no chão”, contou Aline.

Ainda de acordo com a mãe delas, o diagnóstico da doença de Haff foi informado pelo hospital no sábado (20).

“Flávia foi visitar Pryscila na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e escutou o médico conversando com outra pessoa sobre uma doença associada ao consumo de arabaiana. Ela interrompeu a conversa e contou que tinha comido, com a irmã, esse peixe. Foi quando ele diagnosticou a síndrome de Haff em Pryscila e encaminhou Flávia para fazer exames, sendo internada no quarto, pois ela não aceitou ir para a UTI”, disse.

A mãe também contou que, nesta terça-feira (23), Flávia continuava no quarto e Pryscila e permanecia na UTI.

“Flávia está no apartamento, pois baixaram as taxas dela, como de leucócitos. Já as taxas de Pryscila continuam altas, pois ela comeu uma porção maior do peixe e está com o fígado comprometido, os rins paralisados e com água no pulmão”, afirmou Betânia.

Procurado pelo G1, o Hospital Português afirmou que não tem “autorização da família para envio de boletim médico” sobre o estado de saúde das duas irmãs.

A mãe das duas pacientes fez um apelo para que informações sobre a doença sejam mais divulgadas para a população com o objetivo de evitar outros casos.

“Essa é uma síndrome pouco conhecida, inclusive nos hospitais, é uma raridade. A fiscalização tem que bater em cima, pois estamos na Quaresma, quando se come muitos peixes e crustáceos. A população precisa ficar ciente que pode haver uma infecção”, relatou Betânia.

Segundo o médico infectologista Filipe Prohaska, as causas da doença de Haff são pouco conhecidas, mas podem estar associadas a peixes como arabaiana e tambaqui mal acondicionados.

 

 

G1

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