Deputados candidatos em 2020 gastaram 261% a mais com divulgação parlamentar

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Cerca de 70 deputados disputaram as eleições municipais de 2020. Encerrada a campanha, os gastos desses políticos com divulgação de atividade parlamentar cresceram em média 261,7%, em novembro e dezembro, na comparação com o restante do ano. No total, desembolsaram R$ 6 milhões para esse fim em 2020.

O levantamento com base no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, identificou que a alta é superior à observada em relação aos parlamentares que não foram candidatos a prefeito ou vice-prefeito – estes tiveram crescimento de 192,9% na mesma comparação.

Para os deputados que se candidataram, as médias não foram calculadas levando em conta um total de meses fixos. Isso porque as regras da Casa impedem que gastos sejam ressarcidos durante a campanha.

Assim, para o período antes das eleições municipais, a soma de despesas com divulgação foi dividida pelo total de meses em que houve gastos para cada parlamentar. A mesma lógica foi aplicada para os investimentos após as eleições.

Aumento absoluto

Eleita recentemente para o cargo de segunda-secretária da Mesa Diretora, a deputada Marília Arraes (PT-PE) registrou gasto médio de R$ 11,4 mil com divulgação de atividade parlamentar até a eleição e apresentou despesas de R$ 228,8 mil após o pleito, o que corresponde a um aumento de 3.904%.

Marília, que ficou em segundo lugar na corrida pela Prefeitura de Recife em 2020, foi a primeira em gasto absoluto. A petista disputou contra o primo João Campos (PSB-PE), que foi eleito com 56,3% dos votos.

O segundo parlamentar com o maior aumento absoluto no total de gastos nessa rubrica foi o agora ex-deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-AP), que venceu a disputa para a Prefeitura de Belém. Em média, ele desembolsou R$ 5,4 mil antes das eleições e R$ 154,2 mil depois, diferença de quase R$ 150 mil – aumentando a despesa em 2.768%.

Aumento percentual

Já o deputado Fábio Reis (MDB-SE) passou do gasto médio de R$ 1,9 mil, antes do pleito municipal, para R$ 73,4 mil, depois da eleição, somados os meses de novembro e dezembro. Reis foi o parlamentar que mais aumentou as despesas em termos percentuais: 9.814%.

O emedebista ficou em segundo lugar, com 39,9% dos votos, na disputa pela Prefeitura de Lagartos, em Sergipe. Hilda Ribeiro (Solidariedade-SE) se elegeu com 48,8% dos votos.

Outro caso curioso é o da deputada Christiane Yared (PL-PR), que não gastou nada com divulgação parlamentar antes da corrida pela vaga, mas registrou R$ 136,8 mil após a eleição, em novembro e dezembro. Com 3,9% dos votos, ela ficou em quinto lugar na disputa pela Prefeitura de Curitiba. Rafael Greca (DEM-PR) se reelegeu, no primeiro turno, com 59,7% dos votos.

Outro lado

A assessoria de Marília Arraes afirmou que o gasto mais alto no mês de dezembro passado ocorreu por causa da divulgação do balanço do mandato impresso e no formato de vídeo para veiculação em TV aberta.

Já a assessoria de Reis disse que a despesa é referente ao material informativo do mandato distribuído por todo o estado de Sergipe. “São dois anos de mandato resumidos em um único informativo”, alegou.

“O aumento citado não tem relação com as eleições municipais, mas com o trabalho dele enquanto deputado. Justamente por isso, o gasto se deu ao fim do ano passado, quando Fábio Reis já havia perdido o pleito, mas seguiu como deputado federal”, assinalou a assessoria do emedebista.

A reportagem também contatou Rodrigues e Christiane Yared, que não se manifestaram. O espaço segue aberto.

A cota parlamentar, instituída pelo Ato da Mesa n° 43/09, destina-se a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício do mandato, como passagens aéreas, combustíveis, hospedagens e divulgação da atividade parlamentar, entre outras despesas.

 

 

 

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