Delegada forjou depoimentos para ajudar operação, mostram diálogos

Giuliano Gomes/Agência O Globo

Uma nova leva de conversas da Lava Jato apreendidas pela Operação Spoofing mostra que o procurador Deltan Dallagnol declarou que a delegada da Polícia Federal, Erika Marena, registrou o depoimento de uma testemunha que nem sequer foi ouvida para ajudar a operação.

“Como expõe a Erika : ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada … Dá no mínimo uma falsidade … DPFS são facilmente expostos a problemas administrativos”, disse Dallagnol em uma conversa com o procurador Orlando Martello Júnior no dia 26 janeiro de 2016.

Em outro trecho do pacote de mensagens, há indícios de colaborações informais entre os procuradores da Lava Jato e autoridades estrangeiras. Os os advogados de Lula acusam os investigadores de compartilharem documentos e informações com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça.

Em 29 outubro de 2016, o procurador Orlando Martello Júnior avisa sobre a aposentadoria de um procurador suíço. “Isso vai complicar muito para nós, pois ele é quem nos passa informação”, diz.

“Roberto, você poderia levantar para mim o patrimônio brasileiro que têm as pessoas abaixo? Preciso informar, para fins de inteligência, a Suíça”, teria escrito Deltan em outra mensagem.

Em julho de 2016, em uma troca de mensagens no grupo de Telegram da força-tarefa, Deltan Dallagnol diz ao procurador Januário Paludo. “Deixe essa burocracia chata que não serve pra nada e vem pra cá você também January. Venha prender o Lula”

A primeira denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente, por por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na investigação sobre cartel e propinas na Petrobrás, aconteceu dois menos de dois meses depois. Na ocasião, o então coordenador da força-tarefa apresentou as acusações com a ajuda da famosa apresentação de PowerPoint.

Desde que as conversas começaram a ser vazadas, os procuradores da operação negam a autenticidade. A força-tarefa diz que o material foi obtido ilegalmente no ataque cibernético e pode ter sido adulterado pelos hackers.

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