Ex-presidente Nicolas Sarkozy fura fila da vacina contra Covid-19 na França

A revelação foi feita pela revista “L’Express” e é destaque em toda a imprensa francesa nesta quinta-feira (18). O ex-presidente Nicolas Sarkozy, de 66 anos, tomou a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus em janeiro, no Hospital Militar de Percy, em Clamart, na periferia oeste de Paris.

O ex-presidente conservador, que tem criticado com frequência a estratégia de vacinação do governo de Emmanuel Macron, passou na frente de muitas pessoas prioritárias que ainda aguardam na fila a preciosa injeção. Até agora, apenas os franceses com mais de 75 anos, profissionais da saúde e pessoas com comorbidades podem ser vacinados na França.

“Por que Nicolas Sarkozy, que completou 66 anos no dia 28 de janeiro, já recebeu a primeira dose do imunizante?”, pergunta a revista.

A equipe do ex-presidente, procurada pela “L’Express”, não quis comentar o caso. Os ex-chefes de Estado não são considerados prioritários e François Hollande, que também tem 66 anos, ainda não recebeu a vacina, ressalta a imprensa.

Críticas à estratégia do governo

A campanha de vacinação na França começou, como em todos os outros países da União Europeia, na última semana de dezembro. As primeiras doses foram reservadas com prioridade para os residentes em casas de repouso e os profissionais de saúde desses estabelecimentos. Desde 18 de janeiro, a vacinação foi aberta a todos os idosos com mais de 75 anos e profissionais de saúde a partir de 50 anos.

Mesmo assim, ainda não há doses suficientes, a fila de espera é longa e mesmo as pessoas prioritárias passam horas tentando marcar uma consulta para uma primeira injeção. O governo promete vacinar toda a população até o final do verão na França, em setembro.

“L’Express” lembra que a lentidão da campanha e a falta de doses foram alvo de frequentes críticas de Sarkozy nas últimas semanas. “Dá para acreditar? Eles estão cancelando as consultas para a segunda dose da vacina”, lançou o ex-presidente, que defende uma autorização rápida do imunizante russo Sputnik V.

“Quando é que ele [Emmanuel Macron] vai colocá-lo no mercado? Ele tem que assinar a autorização imediatamente”, teria cobrado Sarkozy. O político conservador também defende a criação de “vacinódromos”.

Desde o ano passado, Sarkozy é investigado pela Procuradoria Nacional Financeira (PNF) por suspeita de “tráfico de influência” e “ocultação de crime ou delito”, em conexão com suas atividades de consultoria na Rússia.

No dia 1° de março, o ex-chefe de Estado deve conhecer a sentença de um julgamento ocorrido em dezembro, no qual a Promotoria solicitou quatro anos de prisão contra ele, dos quais dois em regime aberto.

Até 17 de fevereiro, 3.329.461 doses de vacinas contra a Covid-19 haviam sido administradas na França, sendo que 923.289 pessoas receberam uma segunda injeção.

Sarkozy não é a primeira personalidade fura fila francesa. Na semana passada, foi revelado que o elitista Hospital Americano de Paris vacinou em janeiro integrantes de seu conselho de administração que não eram prioritários.

 

 

 

 

G1

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