Saúde mental e Redes sociais – Sociedade da exibição e do isolamento
As implicações do isolamento social devido à pandemia do Covid-19 traz junto o uso intensivo da internet, bem como suas possíveis consequências, a exemplo do aumento de estresse e ansiedade potencializando angústias, dúvidas e medo da morte, dentre outros. Todavia, o uso das redes sociais é importante mas pode afetar o comportamento humano de diversas formas, dentre outras, a frustração é um dos sentimentos mais comuns nesse contexto por conta das comparações entre a vida real mundo virtual, as pessoas passam a acreditar que existe uma vida ideal, ou um padrão ideal. Além do mais, notícias com conteúdo sobre a situação da epidemia (número de casos, número de mortos) geram pânico e alguns casos levar à depressão, tais questões tendem ser mais intensas se o sujeito já apresentem condições de saúde mental prévias e que demandem monitoramento, constituindo assim a excitação de vulnerabilidades para ideações e tentativas de suicídios.
Ainda assim, as redes sociais vem constituídas de dois lados, o lado positivo, que aproximou as pessoas que não podiam estar juntos, pessoas que não sabiam usar a internet aprendeu, vendas delivery, e tantas outras coisas boas aconteceram (fantástico esse fenômeno), mas, também os pontos negativos aparecem, como a visibilidade constituída como uma nova forma de existir na sociedade através das redes sociais a partir de plataformas digitais (como Instagram, Twitter, Facebook, Tinder, e outras) onde a vida intima depende da forma como minhas selfies me apresentam aos outros, com variadas pretensões, desde ser amado ou odiado, assim a visibilidade é convocada incessantemente a sermos espetáculos nas redes, através de curtidas e likes, esse desejo de expor em público vai tornando o sujeito um subproduto, consequentemente, o desejo de ter a vida do outro, de ser igual as celebridades, ter a felicidade que o outro apresenta tornou objeto de desejo, isto é, deixando de ser EU.
Por que é necessário fazer essas colocações? – Primeiro, os problemas de saúde mentais e comportamentais tem aumentado significativamente o que traz a necessidade de falar sobre essa questão tão presente na vida atual, podemos falar facilmente sobre baixa autoestima, alterações de pensamento, de humor, de angústia, especialmente a ansiedade e a depressão que comprometem atividades cotidianas, especialmente os relacionamentos sociais; ou deterioração do funcionamento psíquico global, tais problemas são decorrentes de aspectos biológicos (podendo ser intensificados por uma predisposição da pessoa), culturais, além de muito influenciados pela sociedade. O tipo de conteúdo publicado e consumido pelos usuários reforçam o narcisismo, os padrões de vida, de consumo e o status, contribuindo com o aumento na prevalência de vários transtornos psiquiátricos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os índices são cada vez maiores, ela afirma que pelo menos 350 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão; tornando a saúde mental uma prioridade de saúde pública. Segundo o IBGE, o Brasil é o segundo país que mais ocupa tempo por dia na internet, estando online em média 9 horas e 29 minutos por dia, sendo que 40% (3 horas e 34 minutos) deste tempo é utilizado em mídias sociais, somos 70% da população brasileira tem acesso à internet. Nesse sentido, os problemas de saúde mental são preocupações cada vez mais frequente na sociedade, e, a internet e mídias sociais podem contribuir e muito, para o adoecimento.
Portanto, encontrar estratégias para melhorar a utilização inadequada da internet e mídias sociais, começar pela frequência de utilização e quais os conteúdos que você tem consumido, qual tempo está sendo usado, a vida de outra pessoa contribui em quê? Mas, principalmente analisar sobre os relacionamentos reais do cotidiano, o que tenho feito com esses? de que maneira tenho conversado com outro? O que tenho aproveitado dos momentos? enfim, autorreflexão diária. Gostar das redes sociais e usar, não há problema nenhum, faz parte da vida moderna, é um recurso rico mas deve ser usado com equilíbrio.
Em meu consultório o número de queixas crescem a cada dia sobre o uso excessivo do celular, tanto dos pais com seus filhos, quanto dos filhos com seus pais, por incrível que pareça! Inclusive, já existe várias pesquisas sobre essa questão, a exemplo de uma pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, aponta que o uso excessivo do celular está atrapalhando a criação dos filhos. Outra pesquisa americana, da Common Sense Media, sugere que essa relação pouco saudável com os dispositivos móveis é causa frequente de tensão familiar: 77% dos pais acham que os filhos adolescentes são distraindo pelos aparelhos e não percebe a família reunida, além dos relacionamentos adoecidos. Consequentemente 44% dos adolescentes acham o mesmo em relação aos seus pais. Outro ponto importante na atualidade é que deve haver um cuidado especial com os jovens que já costumam se fechar, tem pouco diálogo, e quando há, são sempre com expressões de intolerância, o que causa estresse em ambas as partes, o resultado disso é se isolar ainda mais. Esta semana uma mãe falou: “estou com meu filho perdido dentro de casa”. Essa frase me inspirou para essa matéria, comecei a revisar alguns prontuários, e me surpreendi com tantas queixas.
No último mês tenho me reservado sem olhar ou postar nas redes sociais obrigatoriamente, ou está visitando o whatsapp, sobretudo no facebook e instagram por ser uma mídia que “coage” você para estar presente todo tempo; a posição de não me sentir “obrigada” tem me inspirado e mudado meu dia. Eu continuo amando as redes sociais mas, com equilíbrio para evitar um adoecimento. “Eu estou em fase de desintoxicação, e acredito ser necessário sair mais desse mundo paralelo, e tem me feito muito bem”.
Se você se identificou com tudo que leu, busque ajuda profissional, um Psicólogo pode ajudar, e muito, para orientações de como lidar com essa situação, afinal a tecnologia são cada vez mais atrativas, será cada vez mais presentes também em nosso cotidiano, e de alguma forma seremos “obrigados” a usar, mas, usar sempre de maneira saudável será o desafio para grande diferença à saúde nos próximos tempos. É possível ter vida saudável com as redes sociais, sim, mas é necessário perceber os impactos que estão surgindo na vida, se a vida está sendo mais produtiva ou não. Vale ressaltar que as redes sociais são ferramentas e não vidas, checar as suas redes sociais com uma constância muito acima do normal pode ser um sinal de ansiedade, além de poder contribuir com o surgimento desta e outras patologias.
Portanto, experimente viver mais a sua vida, experencie cada minuto seu!
Fica a dica
Sérgia Mônica Nascimento
Psicóloga clínica / Psicopedagoga
Especialista em Saúde mental
Pós graduanda em Neuropsicologia e
ABA- Analise do Comportamento Aplicada(ABA
Parabéns! Me ajudou muito! Parabéns!
Conteudo muito valido,parabens gostei muito👏👏👏👏👏
Estava buscando material como forma de estudo…e me preparando de uma forma geral e foi uma grande ajuda… Como sempre, vc dando um show de conhecimento, excelente conteúdo parabéns!