Primeira alagoana a receber vacina em Alagoas tem longo histórico na saúde pública

“Quem está nas trincheiras ao teu lado? – E isso importa? Mais do que a própria guerra”. Uma citação inspiradora, do escritor norte-americano Ernest Hemingway, que se tornou um verdadeiro princípio para a supervisora Assistencial do Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira (HM), Marta Antônia de Lima, de 50 anos. Desde que o novo coronavírus pôs o mundo em alerta, os esforços da assistente social foram concentrados na defesa da vida dos seus colegas de profissão e, sobretudo, dos pacientes, a fim de amenizar os efeitos causados pela Covid-19 ao longo desses meses. Ela é a primeira pessoa em Alagoas a tomar, nesta terça-feira (19), a Coronavac, vacina do Instituto Butantan, produzida com o laboratório chinês Sinovac. A vacinação aconteceu no Hospital Metropolitano de Maceió.

Marta Antônia é a irmã mais velha de cinco irmãos. Viúva, ela mora com a filha Ana Flávia, de 24 anos. Pesando 83 quilos, distribuídos em 1,62 metro de altura, a mulher de traços indígenas não apresenta nenhum tipo de comorbidade e, desde o início da pandemia, tem tomado as precauções necessárias para não se infectar com o vírus. Cuidadosa, ela não contraiu a Covid-19.

Ao chegar à sala de vacinação, montada pela equipe do Hospital Metropolitano, Marta Antônia foi recebida pelo governador Renan Filho, pelo secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, e pela equipe do Programa Nacional de Imunização (PNI), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). De pé, ela não ficou nem um pouco nervosa quando recebeu a primeira dose do imunizante. Só fechou os olhos e agradeceu.

“Gratidão e esperança são as minhas únicas palavras para este momento histórico. A verdade é que estamos tendo a oportunidade de ter dias melhores daqui para frente. É como se rodasse um filme em câmera lenta na minha cabeça agora. Da felicidade de eu ter passado no concurso público. Do meu primeiro trabalho num posto de saúde, que foi feito com muita dignidade e amor. De todo o trabalho que eu venho exercendo na Sesau e de como isso me certificou do que eu queria fazer para o resto da minha vida. O meu olhar sempre foi o de espírito de equipe, pois, a meu ver, ninguém consegue chegar a lugar algum sozinho. Sou feliz e realizada com meu ofício. Por isso, esta ocasião é de muito reconhecimento, perspectiva e concretização”, destacou ela, que atua no Sistema Único de Saúde (SUS) há 22 anos, sendo 11 deles dedicados à Sesau.

Fotos: Felipe Brasil

Formada em serviço social pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Marta Antônia ingressou, em 1998, por meio de concurso público, como assistente social na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió. Em 2003, atuou na Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), contribuindo no processo de Educação Permanente de servidores e residentes de enfermagem, ministrando módulos tanto sobre o SUS, quanto da Santa Mônica no contexto da saúde pública em Alagoas. A sua intervenção profissional na maternidade vem abrangendo a participação em ações estratégicas, a exemplo das implantações da Lei do Acompanhante (Lei n° 11.108/2005), do Cartório de Registro Civil na Maternidade e da revisão dos protocolos assistenciais, dentre outros.

Já em 2010, assumiu a Coordenação do Núcleo de Educação Permanente (NEP) da MESM e, além disso, passou a integrar a equipe da Assessoria Técnica de Planejamento da Superintendência de Atenção à Saúde da Sesau, na qual trabalhou com os instrumentos do PlanejaSUS e nos processos de implantação das Redes Temáticas.

“Trabalhar na Sesau foi um divisor de águas em minha vida, visto que eu já era muito envolvida nessa questão da saúde pública. Atuar na pasta estadual me deu uma visão mais ampla do que é o SUS e de como a saúde está organizada em Alagoas”, reconheceu.

Em setembro de 2019, assumiu a Supervisão Assistencial do Hospital da Mulher. Para ela, a unidade hospitalar, enquanto maternidade, foi um marco na saúde pública em Alagoas. “Um equipamento de saúde que eu almejava há muito tempo para que pudesse acolher as gestantes alagoanas de risco habitual”, disse.

Fotos: Felipe Brasil

Já no final de março de 2020, com a remodelação do hospital para atender pacientes com casos suspeitos ou testados positivos para a Covid-19, o desafio para a assistente social foi ainda maior, pois, segundo ela, o momento era de apreensão em relação a um vírus com letalidade muito alta.

“Nunca passou pela minha cabeça parar de trabalhar por conta da pandemia. Queria fazer parte, dar minha contribuição para esse momento importante. Do ponto de vista pessoal, ficou claro que a gente não tem certeza de absolutamente nada. Ninguém esperava que um vírus fizesse com que as pessoas desacelerassem e olhassem mais para dentro. Em termos de saúde pública, houve um momento de fortalecimento do SUS. A Covid-19 veio mostrar para a gente que temos condições de fazer uma saúde pública com excelência e qualidade”, refletiu.

Ela acrescentou que superar o medo foi um dos desafios impostos na pandemia da Covid-19. “Você trabalhar num ambiente que é referência para a atenção de pacientes infectados pela Covid-19 gera certo receio, obviamente. Claro que, durante esse tempo, o cansaço físico e, em algumas vezes, a exaustão, chegaram ao limite. No entanto, a motivação de fazer parte de um momento tão especial sempre superou todo e qualquer receio que eu tivesse. Por outro lado, me senti segura todo o tempo. Porque eu tinha os EPIs [Equipamentos de Proteção Individual], fui treinada para usá-los de forma correta e, além disso, existe uma gestão coesa e afinada no Hospital da Mulher, com o propósito de fazer o melhor, graças ao suporte do secretário da Saúde, Alexandre Ayres, e de toda a equipe que compõe a Sesau”, elogiou.

 

 

Agência Alagoas

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