Uso emergencial: saiba tudo sobre a vacina de Oxford contra a Covid-19
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que será responsável pela fabricação da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 no Brasil, pediu, nesta sexta-feira (8/1), autorização para uso emergencial da imunização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A partir de hoje, o órgão tem 10 dias para analisar o pedido feito pelo laboratório.
A liberação para o uso emergencial permitirá que a vacinação contra Covid-19 seja iniciada em indivíduos que fazem parte dos grupos de risco, com faixa etária e perfil pré-definidos. Na primeira etapa, o país usará dois milhões de doses prontas que serão importadas do Instituto Serum, da Índia.
A vacina de Oxford é a principal aposta do governo brasileiro contra a Covid-19. Ainda em junho, o executivo assinou a primeira parte de um memorando de entendimento para importação de doses e transferência tecnológica da vacina para a Fiocruz/Biomanguinhos.
Ainda neste mês, a Fiocruz começa a receber os ingredientes prontos do imunizante para fazer o envase. Depois de três meses, inicia a produção da vacina em solo nacional.
A expectativa do Ministério da Saúde é que sejam entregues 100,4 milhões de doses no primeiro semestre e outras 160 milhões até o final do ano. A pasta ainda não se manifestou sobre como fica o calendário oficial da campanha de vacinação caso o uso emergencial do imunizante seja aprovado.
Fora do Brasil, o Reino Unido começou, nessa segunda-feira (4/1), a imunizar a população com a vacina de Oxford. Índia e Argentina também já aprovaram o uso emergencial do produto.
Como funciona
O imunizante é feito a partir de um vetor viral não replicante. A ideia deste tipo de estratégia é usar um vírus desativado, diferente do coronavírus, para carregar uma parte dele para o organismo, como um Cavalo de Tróia.
A vacina de Oxford usa um adenovírus como veículo que, geralmente, causa gripe leve, mas está desativado e não consegue se replicar no corpo.
Ao receber a vacina, o organismo tem um primeiro contato com um fragmento do coronavírus e cria uma resposta imune específica a ele. Caso o paciente seja infectado em outra oportunidade, o corpo já sabe como se defender da invasão.
Este tipo de vacina foi aprovado pela primeira vez no final de 2019 nos Estados Unidos e Europa para proteger a população contra o vírus Ebola.
O imunizante feito pela Universidade de Oxford com a AstraZeneca foi um dos primeiros a apresentar bons resultados contra a Covid-19. Porém, passou por uma grande polêmica durante a divulgação dos resultados do estudo clínico.
Segundo a farmacêutica, a eficácia do produto ficaria entre 70% e 90%, a depender da dose aplicada e da idade do paciente. O grupo que apresentou maior sucesso com o imunizante, porém, recebeu a dosagem errada do imunizante. Os pacientes receberam uma dose e meia da vacina e nenhum deles tinha mais de 55 anos.
A repercussão negativa fez a AstraZeneca optar por refazer os testes com essa nova dosagem. Os resultados ainda não foram publicados.
Caminho na Anvisa
De acordo com o site do órgão regulador, a farmacêutica já entregou os resultados-chave parciais da terceira fase do estudo clínico, assim como os dados primários de eficácia e segurança ainda em dezembro.
Também já foi expedido o certificado de boas práticas de fabricação, após a visita de inspetores da Anvisa à fábrica responsável pela produção do imunizante na China.