2020 fez a internet crescer tanto que deu poder e dinheiro a gente vazia e sem conteúdo

Que 2020 foi um ano catastrófico, isso a gente já sabe. Mas esse ano teve mais uma peculiaridade que só envergonha quem tenta crescer por meio do estudo e não apenas da imagem. Por conta da pandemia, o acesso do brasileiro à internet cresceu absurdos 50%, segundo a Anatel.

Cerca de 70 milhões entram na web. Por conta disso, aumentou drasticamente o número de pessoas que se consideram celebridades, simplesmente porque têm muitos seguidores. Para você entender, na bolha dos “influenciadores digitais”, o poder é medido pelo número de seguidores e pelo engajamento nas redes.

É algo valiosíssimo. Difícil entender? Mal e porcamente comparando, é como uma pessoa tenha mestrado ou doutorado. Que, aliás, isso sim é valioso. A internet em 2020 deu um poder muito grande a jovens absolutamente despreparados e sem conteúdo algum, dispostos a tudo para aumentarem rapidamente seus números e, consequentemente, serem procurados por marcas para fazerem os chamados publi posts, a boa e velha publicidade.

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E vale tudo para aumentar seguidores. A novidade da vez entre os chamados influenciadores digitais é inventar relacionamentos amorosos fictícios para gerar mais engajamento e ganhar mais seguidores.

De tão patético, chega a parecer mentira, mas não é. Casal gera um engajamento enorme. Do outro lado da tela, a pessoa assiste a uma novela da “vida real”. Na década de 90, isso já chegou a acontecer entre atores, que faturaram alto em campanha do Dia dos Namorados, mesmo sendo meros colegas de trabalho. Danielle Winits, por exemplo, dizia estar casada com Cassio Reis, mesmo já separada, por ter assinado com ele uma campanha publicitária.

Publicidade direcionada

E esse ano, o dinheiro da publicidade se voltou fortemente para as redes sociais. Por vários motivos, além do acesso à rede de computadores ter aumentado. O mercado publicitário quer correr o mínimo de risco possível. A internet permite identificar perfeitamente o perfil de quem acessa tal página. Idade, gênero, classe social, tudo! Já a TV, não. A única grande vantagem da TV é seu enorme alcance. De resto, para quem anuncia, é quase um tiro no escuro.

Sendo assim, o dinheiro que o mercado publicitário passou a investir na mídia digital aumenta a cada dia e boa parte desse valor vai para essas “celebridades” que, diga-se de passagem, não produzem conteúdo relevante, nem mesmo para seu público alvo.

Mas por que eles fazem sucesso? A resposta refere-se àqueles que não têm talento: os jovens (publico majoritário na internet) são muito levados pelo grupo. Se é moda gostar de fulano, e para ser aceito entre os seus, todos têm atitudes muito semelhantes. Mas preste atenção: a chance dessa modinha passar rapidamente é extremamente grande.

A notícia boa vem agora: a chance desses influenciadores digitais sem conteúdo desaparecerem do mapa em pouquíssimo tempo é enorme! Se ele não tiver conteúdo, então, já era! Não vai saber se reinventar. E a internet é muito cruel nesse aspecto. Ela cansa rapidamente de tudo e (quase) todos. A internet faz seu próprio processo de seleção natural.

Na TV é justamente o oposto. A insistência leva a aceitação. TV é hábito. Internet é novidade. Hoje em dia, tudo começa na internet. A TV só repercute, tempos depois. Até porque, o telespectador tem um perfil completamente diferente de quem acessa a web.

Enfim, 2020 fez o dinheiro da mídia começar a mudar de mão. Mas, na internet, só sobreviverão os mais fortes e com algo que acrescente. O público amadurece, cresce intelectualmente e percebe, aos poucos, o quão imbecil foi por ter idolatrado pessoas tão vazias.

*Com Metrópoles

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