Olho Vivo: a “moral” dos parasitas e a luta corrupta contra a corrupção

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Há várias questões sobre a corrupção que são importantes e que merecem uma atenção deliberada. Mas o que aqui importa – e reconheço que quando escrevo sobre a corrupção sai o pior de mim – é ressaltar o significado do peculiar sentido da não percepção de injustiça e da falta de indignação gerado pela compra-venda de um comportamento degenerado que deixa de estar vinculado aos valores morais e coletivos e passa a depender de forma espúria de interesses meramente privados e exclusivamente econômicos.

 

Falando em comunicação e política, alguns querem ser representantes do povo, transformando ouvintes iludidos em cabos eleitorais para conquistar uma boquinha no famigerado meio político, mesmo que para isso tenha que entrar pelas portas dos fundos, já que é acostumado a sair pelo mesmo tipo de porta. 

Podem por tradição ou cumprindo as regras convencionais pousarem de bons moços, “compartir” algum tipo de manifestação em seu meio de comunicação, mas não se vê cúmplice da cidadania e nem tampouco consciência do bloqueio de seu sistema moral em todos os sentidos. São os passivamente injustos que não se indignam, os que miram o outro lado ante a desonestidade e o enriquecimento injusto, ou bem os que toleram a sua corrupção, de seus amigos ou aceitam, com gesto bovino, situações sanendo de que são injustas, torpes ou oportunistas.

Temos como exemplo, quando em 2004 vimos um radialista que apresentava um programa voltado para o povo mais sofrido, herdado do então radialista palmeirense Josmário Silva, ser eleito prefeito de uma cidade sertaneja. Como todos sabem e não precisa citar nome, foi afastado e depois resolveu renunciar ao cargo. Em 2013, teve seus bens bloqueados pela justiça até o limite de R$ 4 milhões. Valor bem alto, quando se trata de bens alcançados por um radialista no pleno exercício da profissão.
 
O então alcaíde que governou a farta cidade de 2005 a 2007 – foi afastado do cargo, renunciando em seguida – após denúncia do Ministério Público Estadual por fraudes em nada menos do que “40 processos licitatórios”, causando danos ao erário.
 
Agora, o filme volta a querer entrar em cartaz. O que dizer de um político que teve um mandato cassado, apresentar um programa jornalístico para dissertar sobre corrupção e denegrir imagens? Para esta pergunta apenas tenho algumas pistas e uma delas é garantir uma cadeira na Câmara de Vereadores para o irmão derrotado no último pleito.
 
Imaginamos que um radialista, tão acostumado a formar opiniões, sejam elas verdadeiras ou falsas, saiba que a verdade jamais sucumbirá diante da mentira.

Interessante paradoxo: a corrupção está na luta contra a corrupção. Há uma forte semelhança com a anedota do filho que questiona o pai sobre pena de morte. Diz o filho: “pai, se matarmos todos os bandidos, o mundo seria melhor?”. O pai responde: “provavelmente não meu filho, já que sobrariam só os assassinos”.

Sobre o político/apresentador e sua “luta pelos direitos e contra a corrupção”, acho que os atos falam por si, assim como os cegos deliberados existentes que acreditam em suas anedotas. O passado manda lembranças…

 
Fui!
 
 
Austrelino Bezerra
 

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