Olho Vivo: a “moral” dos parasitas e a luta corrupta contra a corrupção
Há várias questões sobre a corrupção que são importantes e que merecem uma atenção deliberada. Mas o que aqui importa – e reconheço que quando escrevo sobre a corrupção sai o pior de mim – é ressaltar o significado do peculiar sentido da não percepção de injustiça e da falta de indignação gerado pela compra-venda de um comportamento degenerado que deixa de estar vinculado aos valores morais e coletivos e passa a depender de forma espúria de interesses meramente privados e exclusivamente econômicos.
Falando em comunicação e política, alguns querem ser representantes do povo, transformando ouvintes iludidos em cabos eleitorais para conquistar uma boquinha no famigerado meio político, mesmo que para isso tenha que entrar pelas portas dos fundos, já que é acostumado a sair pelo mesmo tipo de porta.
Podem por tradição ou cumprindo as regras convencionais pousarem de bons moços, “compartir” algum tipo de manifestação em seu meio de comunicação, mas não se vê cúmplice da cidadania e nem tampouco consciência do bloqueio de seu sistema moral em todos os sentidos. São os passivamente injustos que não se indignam, os que miram o outro lado ante a desonestidade e o enriquecimento injusto, ou bem os que toleram a sua corrupção, de seus amigos ou aceitam, com gesto bovino, situações sanendo de que são injustas, torpes ou oportunistas.
Interessante paradoxo: a corrupção está na luta contra a corrupção. Há uma forte semelhança com a anedota do filho que questiona o pai sobre pena de morte. Diz o filho: “pai, se matarmos todos os bandidos, o mundo seria melhor?”. O pai responde: “provavelmente não meu filho, já que sobrariam só os assassinos”.
Sobre o político/apresentador e sua “luta pelos direitos e contra a corrupção”, acho que os atos falam por si, assim como os cegos deliberados existentes que acreditam em suas anedotas. O passado manda lembranças…