Carta de Doação de Terras desmistifica lenda do surgimento de Palmeira após morte por amor de casal de índios

Luciano Milano –
Especial para Estadão Alagoas

Desde 2001 como parte do acervo da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), campi Palmeira dos Índios, a Carta de Doação de Terras, produzida em 1773, tem sido tema de mestrado, doutorado e estudos históricos que desmistificam a lenda contada pelo memorialista Luiz B. Torres (2006), para quem Palmeira dos Índios surge a partir da história de amor (e tragédia) dos índios Tilixi e Tixiliá, ambos da tribo Xucuru.

De acordo com o que narra a lenda, Tixiliá era prometida ao cacique Etafé, mas ela era apaixonada por Tilixi. Rejeitado, Etafé manda prender o rival e mata Tixiliá; no cárcere e sem a amada, Tilixi morre de fome.

Com a morte dos amantes, os corpos deles foram enterrados em covas ao pé de duas palmeiras, o que teria dado origem ao nome da cidade Palmeira dos Índios.

Apesar de há 20 anos servir como fonte de estudos do mundo acadêmico, a Carta de Doação de Terras só passa a ser conhecida pela população agora com a divulgação do Estadão Alagoas, como explica o professor, historiador e mestrando em história de Palmeira, Luan Moraes.

“A Carta de Doações de Terras é um documento que mostra que Palmeira dos Índios surge com a cessão desse pedaço de terra à igreja católica, por Garanhuns, a quem pertencia, doação registrada em cartório daquela cidade pernambucana. Por isso, historiadores se debruçam sobre o tema para mostrar que a história de Tilixí e Txiliá não passa de uma lenda, contada para, por exemplo, chamar a atenção da imprensa para nossa cidade”, declarou Moraes.

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O historiador ainda afirma que sua experiência como docente da matéria e pesquisas que tem realizado ao longo dos anos não há indícios de que sequer Tilixi e Tixiliá tenham existido.

“Até agora, o que temos de concreto sobre o surgimento da cidade é o documento que faz parte do acervo da Uneal. Quanto a Tilixi e Tixiliá, não há nada que comprove alguma verossimilhança, mas há muita gente que acredite na lenda e que a mantenha viva no imaginário das pessoas”, finalizou Luan Moraes.

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