Filho de Tim Maia, Carmelo dispara: “Minha família materna é uma quadrilha”

Após vir à tona a notícia de que Léo Maia está movendo processo contra seu irmão pelo reconhecimento da paternidade de Tim Maia e partilha de bens, Carmelo Maia conversou com exclusividade com a coluna e contou a sua versão da história. Ele garante que os dois nunca tiveram laços afetivos. “Minha mãe me abandonou quando eu tinha 45 dias de vida e não me deu nem o direito ao aleitamento materno”, afirma.

Carmelo conta que foi deixado com seu pai e que foi criado por sua avó, Maria Imaculada Maia, e por sua tia, Anna Maria Maia, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Sua mãe, Geisa Gomes da Silva, morava com Léo na cidade de Campos dos Goytacazes, no norte do estado, e viajava para a capital esporadicamente levando o filho. “Nós tivemos contato durante a infância, mas muito pouco. Ela foi completamente ausente a minha vida inteira”.

As visitas de Geisa, segundo Carmelo, seriam para pedir dinheiro a Tim. “Aos catorze anos, meu pai me chamou para uma conversa e disse ‘Eu sempre paguei para sua mãe te ver’. Isso deu um nó na minha cabeça”. Já a convivência entre Tim e Léo era esporádica. “Eu nunca quis magoar o meu irmão nas poucas vezes em que ele esteve com meu pai, mas ele percebia a diferença de tratamento”.

“Eu não fui criado pelo meu pai, mas ele foi presente na minha vida. Eu demonstro isso com fotos, cartas… Tudo isso eu tenho. Se ele também foi criado pelo meu pai durante sete anos, como ele diz que éramos uma família feliz, eu gostaria que ele apresentasse de forma robusta essa mesma variedade de registros. É claro que eu queria ter sido criado pela minha mãe e pelo meu pai, mas a verdade não é essa”, conta.

Carmelo só foi retomar o contato com sua mãe em 2004, já aos 29 anos, quando ela ligou para parabenizá-lo pelo seu casamento. “Eu nem reconheci a voz dela. Falar a palavra ‘mãe’ foi como se eu estivesse falando russo, uma palavra estranha, que eu não fui treinado para falar”. Depois disso, os dois se encontraram pessoalmente apenas duas vezes, em uma delas no aniversário de um ano de seu filho.

“Eu estava tão emocionado que apresentei ela para a festa inteira, até para os funcionários que eu nunca tinha visto na vida. No final do aniversário, ela agradeceu e pediu fotos de recordação. Minha esposa deu um pendrive com cem fotos. Dois meses depois, ela me processou pedindo uma pensão de oito salários mínimos”, revela, dizendo que essas fotos foram para comprovar o laço afetivo entre os dois para o juiz.

“Nesse momento, eu tive que sepultar minha mãe dentro de mim. Foi o segundo abandono. Durante o processo, ela declarou ao juiz que nunca teve afeto por mim. Ficou um rombo na minha vida, uma ferida aberta. Ela perdeu a ação. O juiz questionou porque ela estava acionando somente a mim, já que ela tem quatro filhos. Esses outros dois irmãos que eu tenho, além do Léo, eu nunca conheci. Ela perdeu a guarda deles”.

“Seis meses depois, minha mãe ligou para a minha casa pedindo desculpas. Disse que reconhecia a sua parcela de culpa, mas que quem a incentivou a entrar com o processo de pensão foi o Léo, que falou ‘vamos tirar dinheiro dele’. Inclusive, quem a representava nessa ação era a então mulher do meu irmão. A sensação que eu tenho é que minha família materna é uma quadrilha”, afirma.

Até esse episódio, os irmãos tinham uma relação educada, ainda que distante. “Eu falava profissionalmente com ele. Sempre falei que quando ele quisesse gravar alguma coisa do meu pai, a autorização já estava dada. Nunca tentei impedir que ele cantasse as músicas. O que ele não pode é usar a marca Tim Maia, que sou eu que sou o filho que administro”, afirma. E foi isso que causou o imbróglio em relação o projeto Tim Maia For Kids, de Léo.

“Em fevereiro de 2019, eu apresentei para a Universal Music um projeto voltado para crianças. Um tempo depois fiquei sabendo da página no Instagram Tim Maia For Kids, sem saber que era do meu irmão. Ele também não sabia do meu projeto infantil. Precisei entrar com uma notificação extra-judicial porque a marca Tim Maia é minha, não para que ele parasse de cantar. Ele pode cantar o que ele quiser usando o nome Léo Maia”.

Segundo Carmelo, Léo se negou a parar de usar a marca. “Nossos advogados conversaram durante quatro meses, tentando encontrar um caminho que não fosse o litígio. Ele não quis. Em agosto, entrei com o processo para impedir que ele usasse a marca. Mas ele já tinha entrado com o processo de reconhecimento de paternidade antes, em junho. Os advogados dele não tiveram a ética de avisar aos meus sobre a ação relativa ao espólio”.

Carmelo conta que não gosta de dar entrevistas sobre o assunto e que, cada vez que Léo reacende o tema, ele é atacado nas redes sociais. “As pessoas vêm me xingar no meu Instagram porque compram o que ele fala, que eu tenho inveja dele porque ele canta melhor do que eu. Eu queria saber onde ele me viu cantar, porque eu não sou cantor, eu sou ator”, comenta. Seu papel mais recente foi na novela Salve-se Quem Puder, da Globo.

Na morte de Tim Maia, em 1998, Carmelo foi declarado como único herdeiro. Mas até hoje ainda não recebeu a herança, que está em inventário. “Eu herdei 413 processos do meu pai. Tinha ação até na corte americana. O inventário do meu pai é o de maior volume do estado do Rio de Janeiro, são mais de cinquenta volumes. Já houve vezes em que eu tinha que estar em três audiências no mesmo dia”, conta.

Já a herança que Léo afirma ter recebido é um violão, que ele teria levado de casa após a morte do pai. “Ele não levou nada de casa. Esse violão que ele ostenta fui eu que mandei entregar. Eu enviei tudo o que tinha no estúdio do meu pai para ajudar na carreira dele. Não existe perseguição da minha parte. Ele diz que eu quero ser o que ele é, mas eu nunca quis ser cantor. A verdade é que ele que quer ser o que eu sou, filho do Tim Maia”, afirma.

Sobre as alegações de Léo de que o irmão evitou receber a intimação sobre o processo de reconhecimento de paternidade durante mais de um ano, Carmelo nega. “Eu nunca fugi, eu não fujo de combate. Mas é muito fácil não querer lidar com o ônus e ficar só com o bônus. Por que ele quer ser reconhecido como filho 22 anos depois? Arrumar a casa durante 22 anos foi uma tarefa árdua e eu nunca tive ajuda financeira ou emocional de ninguém”, diz.

“Acho que quem deveria reconhecer ou não ele como filho não é a Justiça, era o Tim Maia. Meu pai dizia: ‘fiz o que quis e também não fiz o que eu não quis’. Por que ele não o registrou? Porque ele não considerava. Se fosse porque ele era doido, ele também não teria me registrado. De louco, meu pai não tinha nada. Eu não sei o que o motivou a entrar com o processo agora, mas me causa estranheza pedir para ser reconhecido tanto tempo depois”, finaliza.

Metrópoles

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