Morte de Kleber Malaquias pode ter sido crime de mando

O assassinato do empresário Kleber Malaquias de Oliveira, ocorrido na tarde dessa quarta-feira (15), dentro de um bar, em Rio Largo, está sendo considerado, por lideranças comunitárias daquele município, como um típico crime político, praticado sob o “velho manto da pistolagem”.

Diante da real possibilidade de estes líderes estarem certos, a Polícia Civil (PC) trabalha em silêncio e tenta desvendar se, por trás deste homicídio, há um mandante com raízes fincadas na gestão pública, alvo de frequentes denúncias por parte da vítima.

Responsável pela investigação, o delegado Lucimério Campos está tão cauteloso que prefere nem falar com a imprensa, pelo menos, neste momento inicial. Por meio da assessoria de comunicação, a Polícia Civil avisou que vai esperar avançar um pouco na apuração e, somente quando tiver subsídios concretos, divulgará informações à sociedade.

O CRIME

Ainda não se sabe se o local onde o crime aconteceu tinha câmeras de segurança, de modo a identificar o suspeito de ter atirado contra Kleber Malaquias. Testemunhas contaram à polícia que o assassino estava sentado à mesa com outras pessoas, no mesmo bar, e aproveitou o momento em que o empresário se dirigiu ao banheiro para matá-lo. Após os disparos, o homem deixou o estabelecimento em um veículo Gol, de cor preta.

Os que bebiam com o suspeito foram levados à delegacia para prestar depoimento e podem, de alguma maneira, apontar indícios que levem ao esclarecimento do assassinato.

O corpo de Kleber Malaquias vai ser sepultado nesta quinta-feira (16), em local e horário ainda não informados pela família.

HISTÓRICO DE DENÚNCIAS

O líder comunitário de Rio Largo, Alex Fernandes, disse que não consegue pensar em outra possibilidade, a não ser em um crime praticado com conotação política. Amigo pessoal de Kleber Malaquias, ele acredita que a atuação combativa contra os desmandos no município foi o fator responsável pela morte do empresário.

“Desde 2009, Malaquias sofria investidas pelo trabalho que fazia de combate direto à corrupção. Naquela época, levou uma surra, assim como outros que faziam denúncias contra os políticos. Também sofreu um atentado no ano passado, sob a mira de uma arma, e registrou um Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes”, destacou.

Fernandes lembra que ele e o amigo dispunham de segurança individualizada até o ano passado, mas decisão do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) não renovou a proteção. Sem o aparato, o líder diz que o medo de morrer aumentou, mesmo assim, Kleber e ele não se intimidaram e continuaram a atuação combativa a figuras públicas.

“A responsabilidade por este crime e pelo que pode acontecer a mim e a outros líderes de Rio Largo é puramente das autoridades do Estado, que retiraram a segurança individualizada que tínhamos direito”, avalia. Ele revela que, também, vem sendo alvo de intimidação e ameaças. “Ano passado, incendiaram o carro do meu pai e do meu irmão”, revela.

Fernandes também cobra prioridade e esmero na investigação do assassinato para evitar a desmoralização do Governo. “Kleber era conhecido na cidade e até fora. Concedeu entrevista até ao Fantástico para denunciar a venda de uma área a preço de banana, que está sendo objeto de acordo por parte do Ministério Público, e, certamente, vai deixar os envolvidos na impunidade. Este crime foi político e praticado por pistolagem”, acredita.

 

 

Gazeta Web

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