Bares e restaurantes devem ser os primeiros a se recuperar dos efeitos

As demandas reprimidas de um povo isolado e o turbilhão de sentimentos acumulados devem ser fatores importantes para ditar os segmentos da economia que vão se recuperar mais rápido após a pandemia da Covid-19. Na avaliação do economista Felippe Rocha, bares e restaurantes devem apresentar maior facilidade de retomada, haja vista o anseio das pessoas por desaguar todas as emoções.

De acordo com o economista, a sociedade já está saturada do isolamento social e carente desses espaços de consumo. “O consumidor sempre ditou o consumo, são as escolhas coletivas e saber lidar com essas vontades que fazem bons empreendedores lograr êxito no mercado. Com certeza, após o fim do isolamento social, alguns demandas reprimidas e a vontade de circular pela cidade determinarão o consumo de massa. Haverá receio inicial por conta da aglomeração, mas os empresários deverão lidar com isso”, prevê.

Em contrapartida, o especialista pondera que o fim da pandemia deve frear alguns setores, como os fármacos, por exemplo. “Fármacos e produtos de higiene foram bem demandados durante o período de isolamento social, mas, agora, haverá um relaxamento sobre essa demanda. Na verdade, já há certo relaxamento, as pessoas entenderam que não se trata de um ‘apocalipse'”.

Outro ponto que Felippe Rocha levanta é que alguns hábitos de consumo podem ter mudado de forma permanente. “Alguns consumidores ganharam gosto por elaborarem seu próprio alimento, outros gostaram de realizar exercícios em casa e adquiriram até pesos. Outros acabaram utilizando, pela primeira vez, aplicativos de consumo e gostaram; isso pode indicar novos hábitos de consumo”, alerta.

Sobre os segmentos que devem apresentar maior demora para recuperar-se, o economista diz ser difícil elencar. “Se observarmos pela ótica sanitária, alguns espaços de forte aglomeração acabariam sendo pouco frequentados, principalmente lugares fechados, com ar-condicionado, que seriam ambientes propícios para proliferação de vírus entre pessoas”, afirma.

Todavia, se o porvir parece renovar as esperanças, o presente é de perdas. Desde a última segunda-feira (22), empresários do ramo de bares e restaurantes de Alagoas publicam, nas redes sociais, o aviso: “Alerta de colapso”. O comunicado foi publicado após o Governo de Alagoas anunciar a prorrogação do isolamento social até o dia 30 de junho.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Alagoas (Abrasel-AL), os 90 dias de fechamento dos estabelecimentos, desde o primeiro decreto governamental, fizeram com que o setor amargasse 30% de demissões no quadro de funcionários.

“Infelizmente, muitos dos nossos empresários já anunciaram o fechamento de suas portas, e a previsão é de que esse número cresça ainda mais, chegando à lamentável estatística de 40% de encerramento das atividades nos próximos meses.

A Abrasel/AL contabiliza cerca de 15 mil estabelecimentos de alimentação fora do lar. Em sua grande maioria, empresas familiares onde todos dão a sua vida diariamente para garantir o sustento da atividade”, diz trecho da nota.

Segundo a nota, a Abrasel/AL entende que o momento não é mais de protelar a abertura da economia, mas sim, de unir todas as peças da sociedade e fazer acontecer uma retomada segura dos estabelecimentos o mais rápido possível. “O ponto relevante dos protocolos de reabertura já deveria ser como fazer, e não, quando. Não aguentamos mais!”, intima.

BARES E RESTAURANTES ESTÃO NA FASE AMARELA E DEVEM REABRIR EM 15 DE JULHO

De acordo com o plano de reabertura divulgado pelo Governo de Alagoas, na última sexta-feira (26), a expectativa é de que bares e restaurantes passarão a funcionar em 15 de julho, quando deve começar a vigorar a fase amarela da reabertura, que inclui, também, shoppings centers e estabelecimentos congêneres, todos funcionando com 50% da capacidade.

O anúncio feito pelo governador Renan Filho (MDB) trouxe o detalhamento da Matriz de Risco, que vai orientar o estado na implementação do Distanciamento Social Controlado em Alagoas.

De acordo com o plano, para que haja a passagem de uma fase para outra, serão utilizados três eixos estratégicos com seis aferidores que servirão como critérios de evolução ou involução paras as fases citadas: capacidade hospitalar instalada, evolução dos óbitos e taxa de crescimento.

Conforme os resultados obtidos, durante o período de análise, o estado poderá avançar para a próxima fase ou retroceder, até que os números estejam em equilíbrio e seja seguro permitir o avanço mais uma vez.

O Distanciamento Social Controlado será dividido em cinco fases distintas: vermelha (risco elevado), laranja (risco moderado alto), amarela (risco moderado), azul (risco moderado baixo) e verde (risco controlado).

Para a transições de fases, foram levados em conta a taxa de ocupação de leitos com respiradores, a taxa de ocupação dos leitos gerais e a oferta de leitos com respiradores por 100 mil habitantes. Além disso, também será analisada a evolução os óbitos por semana epidemiológica e a taxa de letalidade.

*Com Gazeta Web

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