Coronavírus: saúde mental das crianças pede atenção em meio à pandemia

Um estudo feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos revelou que os bebês, crianças e adolescentes com menos de 18 anos são os que correm menos risco de desenvolver os sintomas da Covid-19. Mas como fica a saúde emocional deles com esse turbilhão de informações sobre a pandemia que assolou o mundo?

A psicóloga clínica e hospitalar da clínica Biotipo, Gabriella Ciardullo, explica que assunto pode gerar um mal estar emocional e físico nas crianças, especialmente as com até dez anos. Alguns fatores como a personalidade, como o tema foi passado para elas, com qual frequência ele é conversado dentro de casa e como a família está reagindo influenciam diretamente em como os pequenos reagirão ao que acontece ao redor.

“Crianças são esponjas, refletem muito o comportamento de sua família como exemplo”

“Os pais precisam ficar atentos ao comportamento dos filhos e como eles têm refletido sua saúde emocional. Avaliar se eles estão tranquilos, sem queixas, realizando suas tarefas com a mesma capacidade, se seu humor e sono têm mudado, se sua fala têm sido muito voltada ao vírus, morte, doença, se têm comido bem, se têm estado longe de noticiários ou conversas densas que a família costuma ter sobre o assunto”, ressalta.

Os principais sinais de que alguma coisa está errada são: demonstração de preocupação excessiva, podendo ser levada a um Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), ansiedade, depressão, sono inquieto ou terror noturno, falta de apetite ou comer compulsivo, humor alterado, choro excessivo, agressividade, problemas de pele, queda de cabelo e falta de memória.

Nesse momento, é necessário conversar com as crianças para orientá-las e educá-las a terem bons hábitos de higiene para evitar o vírus, por exemplo, mas sem passar medo, transferindo calma e segurança.

A psicóloga defende que crianças com menos de dez anos não devem assistir aos noticiários pois apresentam conteúdo incompatível com a percepção de mundo delas. “Devido ao momento em que estamos vivendo, os noticiários têm sido extremamente monotemáticos, com muita ênfase em tragédias. Isso pode afetar bastante o emocional das crianças”, explica.

O ideal é restringir o máximo possível até essa idade. Informações sobre o que é coronavírus, pandemia, e quais atitudes devem ser tomadas devem ser mediadas pela família.

Gabriela orienta que os responsáveis procurem entreter as crianças com atividades que elas gostam, que mantenham o contato com os familiares e amigos distantes por videochamadas e que continuem a cumprir com as obrigações da escola e do lar.

“O mais importante nesse período é manter a sanidade mental de todos: pais e filhos. Agora não é hora de querer ser super-heróis e dar conta de fazer tudo com exatidão e perfeição. É preciso manter a calma, tranquilidade para que todos permaneçam bem em meio à quarentena. O fato de não poder sair de casa já é por si só muito estressante”, acrescenta.

Metrópoles

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