Psicólogo ensina a diferenciar COVID-19 e crise de ansiedade

A Pandemia do novo corona vírus tem preocupado bastante, por seu impacto no cenário mundial, seja na quantidade de mortes ou até mesmo pela economia que assola a todos os países e provoca consequências no cotidiano das pessoas. O novo corona vírus pode causar a doença de COVID-19  e os sintomas possuem semelhanças muito conhecidas com as presentes na ansiedade. Porém, a simples presença dos sintomas podem gerar confusão e deixarem as pessoas sem saber o que de fato estão sentindo: crise de ansiedade ou COVID-19 . Vamos falar sobre isso?

Quando a falta de ar pode ser só sinal de ansiedade - ViDA & Ação

A priori, precisamos falar sobre ansiedade. A ansiedade é um estado que será eliciado pelo organismo quando este sinaliza a presença de um futuro estímulo aversivo. Entre os sintomas, falta de ar, taquicardia, sudorese são comuns, podendo chegar a diarreia e sensação de morte (comum no transtorno de pânico). Os mesmos sintomas podem apresentar de forma muito leve a estados mais graves, podendo ser característico de um transtorno de ansiedade a depender da frequência e intensidade dos sintomas. Porém, sempre acontecerá como consequência de um evento (seja uma notícia ruim, durante um encontro, durante o contato com alguém ou situação, etc.). Ou seja, há um estímulo eliciador dos sintomas corporais, uma vez que a situação é ansiogênica, onde o nosso organismo elicia respostas no sistema nervoso autônomo preparando o indivíduo para agir.

O fato de que há um estímulo aversivo futuro, pode ser explicado pela sensação sentida de que algo vai acontecer de muito ruim. O simples fato da pessoa perceber que está prestes a vivenciar algo muito incômodo, pode ser suficiente para que o organismo passe a eliciar estes sintomas. Fato crucial para a certeza da ansiedade. No transtorno de pânico, por exemplo há um pico desses sintomas aos 10 minutos; se normalizando depois disso.

Nos sintomas presente na COVID-19, semelhantes aos presentes na ansiedade um fato crucial é que não são provenientes de um estímulo específico e não diminui com o passar do tempo. Há uma piora no quadro clínico, podendo levar o sujeito a comprometer como um todo seu sistema respiratório. Além do mais, sintomas associados como febre alta e outros presentes num problema viral estão presentes. Antes de qualquer hipótese diagnóstica, faz-se necessária uma avaliação com um profissional, onde serão coletadas informações sobre o que aconteceu antes dos sintomas se fazerem presentes, considerando inclusive um histórico de ansiedade que a pessoa pode já ter apresentado.

Uma orientação super importante quando os sintomas de falta de ar, sensação de aperto no peito e sudorese aparecerem, é que o sujeito busque uma técnica de relaxamento, podendo controlar sua própria respiração de forma leve e num tempo suficiente para puxar o ar, prender e soltar de maneira equilibrada, de preferência em um local tranquilo e calmo. Se os sintomas aos poucos forem diminuindo, provavelmente o que houve foi uma crise de ansiedade. O relaxamento dos sintomas não seria possível caso o diagnóstico fosse de COVID-19, uma vez que o agravamento dos sintomas tenderão a piorar com o passar do tempo.

A ansiedade passará a ser um problema primeiro quando sua intensidade for extremamente prejudicial de modo que o indivíduo não tem controle sobre ela; sua frequencia tornar-se constante e em intervalos de tempo curto considerando o contexto do sujeito e desde que tais estados de ansiedade prejudiquem as atividades rotineiras do indivíduo. O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, classifica os transtornos de ansiedade num espectro onde variam de acordo com o grau de intensidade da mesma iniciando pela ansiedade de separação até a ansiedade generalizada. Ainda conforme este manual (APA, 2013) “Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes (p. ex., em geral durando seis meses ou mais), embora o critério para a duração seja tido como um guia geral, com a possibilidade de algum grau de flexibilidade, sendo às vezes de duração mais curta em crianças (como no transtorno de ansiedade de separação e no mutismo seletivo).

No mais, ao perceber a presença dos sintomas, realize um autoexame considerando seu histórico de vida e os eventos que antecederam a possível crise. Havendo incompatibilidade nas informações, busque ajuda médica, principalmente se não adotou as medidas de proteção da Organização Mundial de Saúde (OMS) ou teve contato com pessoas que provavelmente foi contaminada com o novo corona vírus.

REFERÊNCIA

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992p.

 

Diego Marcos Vieira da Silva

Psicólogo Clínico Comportamental (CRP15/4764)

Instagram: @psicodiegovieira / Whatsapp 82 99944-9214

 

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