‘Eu dou a minha vida para fazer a Medicina’, diz médica vítima de fake news
O currículo respeitado, a atuação reconhecida e a dedicação incansável na luta diária para salvar vidas não foram suficientes para poupar a infectologista Sarah Araújo de ser mais uma vítima das fake news. Uma divulgação falaciosa envolvendo o nome da gerente médica do Hospital da Mulher ocorreu na última quarta-feira (13), por meio de postagem nas redes sociais.
A postagem que circulou pelo Whatsapp trazia uma fotografia da médica com a acusação de liberar para casa pacientes com sintomas de Covid-19 que, logo depois, teriam ido a óbito. O texto abaixo da imagem dizia também que Sarah Araújo teria recebido ordens do Governo do Estado para não aplicar hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes.
Inicialmente, a doutora comunicou que não pretendia denunciar o caso à polícia, mas, ainda no mesmo dia, resolveu abriu Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de Homicídios da Capital.
“Eu tomei a decisão pautada após consulta com a minha família, amigos juristas e outros amigos íntimos. Eu registrei o Boletim de Ocorrência. Depois, com mais cautela eu decidirei se vou seguir ou não adiante”, revelou. “Eu trabalho com ética, com respeito e com evidências científicas. Eu dou a minha vida para fazer a medicina”.
O delito foi registrado como difamação. De acordo com o artigo 139 do Código Penal Brasileiro, o crime prevê multa e detenção que pode variar de 3 meses a 1 ano. A Polícia já confirmou que possui meios técnicos para chegar ao autor, uma vez que os crimes cibernéticos deixam rastros facilmente detectáveis.
Diante da publicação, as mensagens de apoio, solidariedade e reconhecimento da competência profissional da especialista logo fulminaram a inverdade virtual. Por toda a imprensa, entre os colegas profissionais e nas próprias redes sociais, o tom foi de enaltecimento: uma profissional altamente capacitada e com conduta exemplar.
Referência
Sarah Dominique Dellabianca Araújo se formou em Medicina pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 2003. Entre 2009 e 2012, cursou especialização com residência médica no prestigiado Instituto de Infectologia Emílio Ribas, considerado o principal centro de referência no ensino e combate a infecções no estado de São Paulo.
Em Alagoas, além exercer a docência na Ufal e em universidade particular, Sarah atua como médica na rede privada e, atualmente, ocupa o cargo de gerente médica do Hospital da Mulher.
De acordo com a assessoria do Hospital da Mulher, como Sarah é gestora da instituição, não realiza atendimentos ambulatoriais no hospital. A médica reafirmou que não atende em consultório ou pronto atendimento, seja público ou privado, e assegurou que o próprio consultório particular está fechado desde março deste ano. Assim, seria não apenas inverídico, mas também impossível de ocorrer o que a mensagem caluniosa tenta suscitar.