Contra coronavírus, mais de 2,5 mil presos deixam cadeias no Paraná
Mais de 2,5 mil presos em delegacias e presídios do Paraná foram autorizados pela Justiça a cumprir prisão domiciliar por causa do risco de contágio do novo coronavírus. A estatística consta em um relatório do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), de 16 de março até a sexta-feira (3).
A maioria dos presos beneficiados no estado são do regime fechado. Nesse período, 1.719 deixaram unidades prisionais. Outros 678 que cumpriam pena no semiaberto também foram para o regime domiciliar. Inclusive, o trabalho de presos desse regime foi interrompido, segundo o Depen.
Uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 17 de março, orientou que os tribunais e juízes adotassem medidas preventivas à propagação da Covid-19 nas cadeias, como a liberação para a prisão domiciliar de condenados, mesmo em regime fechado, que se enquadram em grupos de risco.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) tem questionado algumas decisões, consideradas pelo órgão como genéricas, que têm colocado em prisão domiciliar condenados por crimes graves, como homicídio e estupro, além de integrantes de facções criminosas. Isso também preocupa a Polícia Civil.
Promotores estão recorrendo de decisões favoráveis ao regime domiciliar de condenados por crimes graves ou que, na avaliação deles, podem não se enquadrar em grupos de risco. Entre os presos com mais de 60 anos, a quantidade em unidades do estado caiu de 664 para 560, entre 16 e 29 de março.
Os números devem se alterar nos próximos dias, visto que autorizações estão sendo concedidas diariamente no estado e outras sendo revertidas pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Parte dos presos devem ser monitorados por tornozeleira eletrônica – o que é definido pelo juiz.
Medidas adotadas pelo Depen
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) publicou em 25 de março um plano de contingência para o enfrentamento do novo coronavírus no sistema penitenciário, o que era uma das recomendações do CNJ.
Visitas de familiares, advogados e o recebimento de sacolas com mantimentos para presos foram suspensos pela Sesp por tempo indeterminado.
De acordo com o diretor-geral do Depen, Francisco Alberto Caricati, novos presos estão ficando 14 dias em isolamento antes de serem levados para as penitenciárias. Segundo ele, detentos que apresentam sintomas da Covid-19 também ficam em isolamento.
“Tivemos alguns isolamentos por febre e pneumonia, por exemplo, mas não se confirmou a doença. Entre agentes penitenciários temos quase 50 de um total de 4 mil em quarentena”, disse.
Caricati também afirmou que estão sendo distribuídos materiais como álcool gel e máscaras, mas que há dificuldade em consegui-los. “Tem materiais que não se encontra mais. Não é um problema só brasileiro isso”, explicou.
Outra medida, que está em fase de estudos, é a implantação de 17 unidades prisionais de isolamento pelo estado. O diretor-geral informou que ainda não é possível dar mais detalhes sobre o assunto.