Professor alagoano cria pulseira ‘anti-coronavírus’ para ajudar no combate à doença

Enquanto para alguns, ficar em casa é sinônimo de tédio, para o professor de informática Davi Carnaúba, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) – Campus Satuba, está sendo um momento de inventividade e produção, visando o combate à doença Covid-19. Com a suspensão das atividades letivas, iniciada no instituto em 18 de março, ele criou uma pulseira que alerta sobre a proximidade da mão ao rosto e já confeccionou 30 máscaras de proteção facial, que serão doadas à rede de saúde pública do estado.

Com uma impressora 3D construída em casa, o doutor em Ciências da Computação desenvolveu uma pulseira que alerta o usuário sobre o contato das mãos com o rosto. “A tecnologia pode fazer muito pelo combate ao coronavírus. É constante os avisos nos telejornais de que nossas mãos são o principal meio de contágio deste vírus. Estamos a todo momento utilizando elas para pegar objetos e cumprimentar as pessoas, mas depois disso é comum tocarmos involuntariamente em nossos rostos. Isto pode levar todo tipo de agente nocivo para dentro do nosso corpo”, argumenta.

Davi conta que a ideia surgiu após se fazer o seguinte questionamento: “seria útil criar um dispositivo que nos alertasse da aproximação das mãos no nosso rosto?”. Um dispositivo com esta característica poderia reduzir o contágio do vírus através das mãos. “Foi assim que surgiu a ideia de criar uma pulseira que vibrasse para alertar o usuário desta aproximação. É importante ressaltar que esta ideia não é um substituto da higienização das mãos com água e sabão ou do álcool em gel. É um método de prevenção para se somar a todos os outros já existentes”, alerta Davi.

Davi explica que, na atual conjuntura, este tipo de dispositivo seja de construção rápida, fácil e de baixo custo. Para isso, ele optou pela utilização de um dispositivo muito comum no Brasil, o Arduino. “O Arduino é uma placa de prototipação de baixo custo que nos permite criar projetos eletrônicos em poucos minutos. Não é preciso ser um mestre na eletrônica ou programação para colocar sua ideia em prática com o Arduino”, complementa.

Para construir o primeiro protótipo do projeto, Davi utilizou uma impressora 3D (para confeccionar a pulseira) e algumas peças retiradas de dispositivos eletrônicos que possuía em sua residência. O gasto total é inferior a 30 reais. “Toda a lista de material, instruções, código fonte e o projeto 3D da pulseira está disponível para download. É um projeto inicial, ainda há trabalho para ser feito. Espero que alguém com disposição e recursos possa aprimorar, fabricar e distribuir estas pulseiras entre as pessoas mais vulneráveis. Espero que esta ideia seja a centelha para muitas outras que possam vir a surgir”, explana.

Confira o projeto completo da pulseira no blog do professor (aqui).

Máscaras de proteção facial

Além da pulseira, Davi também trabalha com a confecção de máscaras de proteção facial. “Quando noticiaram que os hospitais não tinham Equipamentos de Proteção Individual (EPI) suficiente para os profissionais da saúde, eu sabia que podia fazer alguma coisa a respeito”, revela. No dia 18 de março, depois de ver uma campanha da revista Forbes estimulando a produção caseira de EPIs com impressoras 3D, ele iniciou a produção das máscaras em sua residência utilizando os recursos disponíveis até então.

“Não demorou muito para que outras pessoas oferecessem ajuda para a compra de mais insumos. Até o presente momento [30 de março], conseguimos confeccionar 30 máscaras de proteção facial que foram doadas a hospitais e postos de saúde”, conta Davi. Trabalhando com ajuda da esposa, Márcia Carine B. Vieira, ele espera conseguir até a metade de abril a confecção de 100 máscaras de proteção facial.

As máscaras produzidas foram doadas para a UTI do Hospital de São Miguel, a UTI da Unidade de Emergência Doutor Daniel Houly, em Arapiraca, o Posto de Saúde da Pitanguinha, e para profissionais de saúde do Hospital Universitário e outras instituições que entraram em contato diretamente com Davi.

Segundo o professor Davi, qualquer pessoa com uma impressora 3D pode confeccionar estas máscaras. “Há vários projetos disponíveis na internet. Além do filamento, será necessário adquirir folhas de acetato medindo 24cm x 24cm”, explica. Clicando aqui, você pode ver a campanha da Revista Forbes e aqui, você pode baixar o projeto da máscara.

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