Usar álcool em gel para fazer higiene de mãos é medida eficaz de prevenção © MARCELLO CASAL/AGENCIA BRASIL Usar álcool em gel para fazer higiene de mãos é medida eficaz de prevençãoO novo coronavírus pode manter-se ativo por horas e até dias em superfícies, ou mesmo suspenso no ar. A higienização de objetos e superfícies está entre as recomendações dos infectologistas, mas eles lembram que a maior preocupação é em relação ao contato com outras pessoas, que podem carregar o vírus. O Estado levantou dúvidas com base em questões enviadas por leitores do grupo EstadãoInforma: Coronavírus, espaço para discussão e troca de informações sobre a pandemia criado pelo jornal no Facebook.

As respostas foram redigidas após entrevista com o infectologista Eliseu Waldman, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, além de consultas científicas e em reportagens do Estado. O grupo é um espaço para discussão e troca de informações sobre a pandemia na rede social. Qualquer usuário pode se inscrever e enviar suas dúvidas.

É verdade que o coronavírus permanece no ar por 3 horas?

Sim. Um estudo publicado na semana passada por cientistas americanos identificou a presença do novo coronavírus no ar por até três horas, contadas após o vírus ter sido borrifado. O estudo não é conclusivo, porém, quanto à probabilidade de uma pessoa ser infectada após simplesmente respirar o ar com o vírus – são necessários mais estudos sobre as chances de infecção em cada vetor. A pesquisa considera “plausível” que alguém possa contrair o vírus após respirá-lo. O novo coronavírus sobrevive em superfícies por mais tempo do que o Sars, que pertence à mesma família da covid-19. Em superfícies como plástico (polipropileno) e aço inoxidável, por exemplo, o vírus permanece por até três dias. Os pesquisadores, no entanto, consideram que vários outros fatores explicam a velocidade mais alta no contágio. “Nossos resultados indicam ser improvável que a maior transmissibilidade observada no HCoV-19 seja causa da sua maior viabilidade no ambiente, comparada ao Sars”, diz o estudo, assinado por profissionais de duas universidades e três centros de pesquisa americanos.

No caso de um pátio em que a equipe de limpeza utilize “sopradores” para afastar a sujeira, e levante poeira do chão, isso espalha o vírus?

Sim, poderia ajudar a espalhar o vírus em uma situação hipotética em que alguém infectado tenha passado pelo local e espirrado, por exemplo. O ideal para superfícies é limpar com álcool, água e sabão, ou líquidos adequados. Ao ventilar uma superfície com sopradores, por exemplo, as partículas são jogadas no ar e se provoca uma espécie de aerossol. Um produto líquido, mesmo que usado como spray, mantém as partículas no chão e pode esterilizar a área. O uso de “sopradores” não é recomendável.

Nos serviços de delivery, os produtos não podem vir contaminados em suas embalagens se foram manipulados por alguém infectado?

Essa possibilidade não está descartada. No entanto, o delivery é considerado menos arriscado do que comer em um restaurante, onde há maior circulação de pessoas. Segundo a OMS, os estudos apontam que a transmissão se dá por meio de contato com gotículas respiratórias, incluindo as presentes em objetos e superfícies. O vírus pode ficar por 24 horas na superfície do papelão, segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, divulgada na semana passada. Embora o contágio oral seja possível, no caso dos serviços de entrega a embalagem de papelão não entra em contato com a comida. Portanto, a dica de infectologistas é sempre lavar as mãos após manipular qualquer material não higienizado. Também é recomendável se certificar de que os alimentos tenham procedência segura, e o restaurante siga regras sanitárias.

Como higienizar frutas, verduras e legumes comprados em feiras e supermercados?

As regras são as mesmas utilizadas para os demais casos. Higienizar as mãos, higienizar os alimentos com água e sabão e respeitar as orientações gerais para a hora de cozinhar. Há alguns infectologistas que recomendam até mesmo higienizar embalagens ao voltar do supermercado.

Estadão