Caso Grilo: Fernando Medeiros é condenado a 18 anos e 9 meses em regime fechado e pode recorrer em liberdade

Todos os direitos reservados ao Estadão Alagoas.

Por Éder Patriota

Dez anos depois o assassinato do empresário Jair Gomes de Oliveira, em Palmeira dos Índios, Fernando Carlos Medeiros- vai ser julgado pelo homicídio nesta segunda-feira (16). Também está sendo julgado um outro acusado do crime, Gilberto Fernandes Bispo.

O julgamento acontece na 9ª Vara Criminal da Capital e está sendo presidido pelo juiz John Silas.

Segundo relatos, o crime teria sido motivado após uma discussão entre a vítima e o empresário Fernando Medeiros, em uma cafeteria da cidade, onde os dois se desentenderam e Jair Gomes teria empurrado Fernando, fazendo com que o mesmo caísse. Testemunhas relataram que, no momento, Fernando Medeiros teria dito que “aquilo não ficaria assim”.

Confira:

8h40- Segundo o advogado de defesa, Raimundo Palmeira, são três testemunhas de defesa e duas da acusação, o que pode contribuir para o júri ser mais ágil.  Ainda segundo Palmeira, se ocorrer tudo dentro da normalidade o júri será encerrado ainda no dia de hoje.

9h30– Conselho de sentença do caso Grilo é sorteado.  Como parte do rito inicial do julgamento do caso Grilo, foi sorteado o Conselho de Sentença. Julgamento transcorrerá pelo resto do dia.

10h36- Júri paralisado. Antes de iniciar o julgamento do empresário Fernando Medeiros, que é acusado de ser o autor intelectual do assassinato do empresário Grilo, as partes chegaram a um acordo que ambos os lados só teriam direito a duas testemunhas cada. No momento, o júri está suspenso.

10h45-  O irmão da vítima, José Leão, é a primeira testemunha a ser ouvida. Ele conta da relação entre as partes. Ao ser indagado contou que seu irmão recebeu o aeroclube como herança do avô de sua esposa. A partir daí, o acusado de ser autor intelectual do assassinato do empresário Grilo, o também empresário Fernando Medeiros começou a perseguí-lo e em uma certa vez ambos se encontraram numa cafeteria da cidade de Palmeira doa Índios, onde no local começaram um diálogo e tiveram uma discussão de forma mais áspera. Passado esse fato, a testemunha afirma que o empresário Fernando Medeiros planejou durante um ano a morte do seu irmão, Grilo, onde buscava por serviços de pistoleiros para a execução do crime.

11h07- Ainda segundo a testemunha, a mãe da vítima está viva, mas vive de maneira muito triste já que perdeu um de seus filhos.

11h15- Por fim, a testemunha afirmou que a morte de seu irmão foi por motivo banal e o intervalo da sua morte para a discussão foi de um ano.

11h16- ” Não tenho a menor dúvida que foi o senhor Fernando Medeiros que mandou matar o meu irmão. Ele foi assassinado por uma pessoa que se encontrava numa moto acompanhado de outra pessoa, o senhor Duda”, afirmou José Leão.

11h18- Após o depoimento de José Leão, o juiz John Silas da Silva, responsável pela condução da sessão, o questionou se o mesmo estava ciente de que a morte de um dos envolvidos no crime estava sendo atribuída a ele. José Leão negou a ciência da acusação.

11h22- A víuva, Tereza Cristina, começa a ser ouvida. Ela classificou o crime como uma monstruosidade e se emocionou ao relatar das consequências emocionais do crime. “Eu entrei em depressão depois de tudo, vieram muitas dívidas, muita humilhação. Meus filhos deixaram de conviver com o pai. Até hoje estamos lidando com tudo isso”, contou emocionada. De acordo com Cristina, o esposo teria discutido com o autor intelectual do crime no estabelecimento comercial e o mesmo tinha “pego a vítima pela beca” como diz o ditado popular, e havia prometido se vingar de Grilo posteriormente depois da discussão que tiveram.

11h45-  Em contraponto, o advogado de defesa Raimundo Palmeira,  questionou a viúva se houve algum atrito com um parente da vítima, mas ela negou. Por fim, a viúva disse que seu marido só contou da discussão com o acusado alguns dias depois do ocorrido.

11h59- Filha presta depoimento sobre o crime. Em depoimento no júri, uma filha da vitima, Thaísa Freitas de Almeida Oliveira afirmou que ficou sabendo, que o seu pai foi assassinado por crime de mando. De acordo com a testemunha, seu pai era muito tranquilo. ” Meu pai era a base da casa e não tinha nenhum inimigo”, contou.
Ainda segundo a testemunha, retomar a vida tem sido muito difícil para a família e até hoje a sua avó mãe de seu pai sofre pela ausência dele.

12h06- Por fim, a testemunha disse que a vítima foi assassinada próximo ao hospital do município com três tiros por uma pessoa que estava numa moto. “Quando o assassino do meu pai chegou no local do crime, gritou pelo nome dele, ele se virou e levou vários tiros de forma covarde”, citou.

12h20- Testemunha de defesa fala da sua relação com o crime. A senhora Ailta Rodrigues da Silva, afirmou que conhece o acusado Fernando Medeiros como agropecuarista. “Pelo que conheço ele é uma pessoa de bem e querida pela sociedade palmeirense, assim como a sua família. Estudei com a vítima e fiquei sabendo do atrito da vítima com o acusado, através de comentários na cidade, onde tudo que se ocorre nela é falado de forma ampla”, contou. Ainda segundo a testemunha, ela desconhece o fato de Fernando Medeiros que tinha prometido se vingar de Grilo, discussão que ambos tiveram em um estabelecimento comercial do município. Ailta disse também que conhece a família da vítima.

12h35- Testemunha de defesa, Jorge de Araújo Vieira começa a ser ouvido.

12h46- Segundo Jorge de Araújo Vieira, Psicólogo- Psicanalista. “Conheço Fernando Medeiros, desde o início de sua vida. A sua conduta sempre foi digna, nunca gostou de brigas e nem estar em grupinhos. Além disso, não cheguei a presenciar a discussão entre as partes, mas vi Fernando acusado de ser o autor intelectual caído no chão”, afirmou.  Fora isso, presenciei outras confusões que a vítima teve na cidade, uma delas no Bar Aquárius e uma outra no cassino clandestino na Praça das Casuarinas onde se encontrava portando uma arma de fogo.

12h49- Ainda segundo a testemunha, o acusado é de personalidade tranquila e não tem perfil de ser uma pessoa vingativa. “Após o crime, milhares de pessoas na cidade comentavam sobre problemas que o Grilo havia gerado enquanto estava vivo”, disse.

12h58- Por fim a testemunha negou que o acusado tenha ameaçado a vítima de executar qualquer ato a sua pessoa.

13h10- Juiz decreta pausa para o almoço.

14h15- O julgamento é retomado.

14h18- Fernando Medeiros afirma ter mandado matar a vítima e assume autoria do crime. Em seu depoimento, o agropecuarista afirmou veemente que mandou matar o empresário Jair Oliveira mais conhecido como Grilo. “Discutimos na cafeteria, fui agredido com um soco de raspão por Grilo, em virtude da disputa que estávamos tendo da posse do aeroclube”, afirmou de forma emocionado. Segundo o acusado, ele decidiu mandar matar a vítima, após a confusão, já que não se sentia bem com as ironias proferidas pela vítima, onde em um dos momentos foi chamado de frouxo e com isso se sentiu desmoralizado por ele e demais pessoas da cidade. “Paguei dez mil reais aos autores materiais do crime, asseguro que eu e meus familiares não temos histórico de violência”, justificou.  Ainda segundo Medeiros, a vítima costumava desmoralizar as pessoas na cidade.

14h48- O agricultor Gilberto Bispo, que é citado como um dos autores do crime contra o empresário Jair Oliveira mais conhecido como Grilo afirmou desconhecer informações do crime. “Na hora do crime, eu estava no velório de um tio meu em Tanque D’Arca. Desconheço quem faz qualquer coisa com Grilo e eu fiquei sabendo do crime no outro dia”, afirmou. Sobre a motivação do crime, o acusado afirmou que soube por terceiros, que a motivação tinha sido uma desavença entre o senhor Fernando Medeiros e o senhor Jair Oliveira mais conhecido como Grilo. Em relação ao crime Gilberto Bispo que na época era mototaxi, disse que não sabia estar carregando pessoas envolvidas na morte de Grilo.

15h15- O agricultor Gilberto Bispo, em seu depoimento afirmou que durante os anos que esteve sob cárcere adoeceu. “Fiquei preso cinco anos e dois meses sendo que na cadeia peguei tuberculose e até hoje estou monitorado de forma eletrônica”, afirmou.

15h26- O representante do Ministério Público do Estado (MP/AL), promotor Leonardo Novaes, afirmou que o comportamento do réu Fernando Medeiros não o comoveu e que isso é para se beneficiar do procedimento que a lei concede a pessoas com mais de 60 anos de idade. “A atitude do réu Fernando Medeiros, mostra que ele agiu de forma covarde ao mandar matar a vítima”, afirmou.  Ainda segundo o representante, mesmo que condenem os réus, os familiares da vítima nunca mais o terão de volta. Por fim, destacou que o inquérito policial foi muito bem elaborado- sendo que a defesa fará com que a pena seja amenizada ao réu Fernando Medeiros.

16h35- Acusação afirma que crime foi banal. Um dos advogados da acusação,  Lutero Gomes Beleza afirmou em seu depoimento que o motivo do crime foi banal. “Não havia necessidade do crime ter sido cometido, já que a vítima não teve uma segunda chance para reaver o seu erro. Existe tempo de matar e punir”, destacou.
Por fim, o advogado sugere que os réus sejam condenados de forma veemente, para que sirva de exemplo a sociedade e a ela cabe punir quem age de forma ilícita. “Quem só pode tirar a vida é Deus, e não o homem”, finalizou.

17h15- Intervalo

18h00– Defesa tenta convencer corpo de jurados com apresentação de documentos. Como parte da estratégia da defesa , o advogado Dr Hugo Trauzola que foi contratado pelo réu Gilberto Bispo, o Beto Torquato, entregou ao corpo de jurados documentação que tenta convencer os jurados a não crer que o seu cliente não tem participação no crime. “Meu cliente não sabia que conduzia pessoa para cometer um crime, o que comprova a sua inocencia. Só tomando conhecimento do fato, após ele ter sido cometido”, explicou. Ainda segundo o advogado, Gilberto Bispo deixou os outros acusados de cometerem o crime dormir em sua residencia, depois que o outro réu Fernando Medeiros, o solicitou isso, já que o pneu da motocicleta que utilizava na hora do ato do crime furou.

19h08– Já o advogado de defesa do réu Fernando Medeiros, Cleber Lopes , afirmou ser inaceitável a ideia de condenação em prisão perpétua. ” O mesmo demonstrou arrependimento e o desaforamento dessa causa para Maceió fortalece a ideia da acusação de condená-lo sem dó nem piedade, perante a sociedade maceioense que desconhece o fato ocorrido”, ponderou. Ainda segundo o advogado, é importante ver o quanto o acusado foi incitado para cometer tal crime, mesmo não tendo personalidade criminosa.

19h29- Por fim, o advogado Dr Raimundo Palmeira, disse que a sociedade palmeirense conhece a forma que o réu Fernando Medeiros criou seus filhos juntos com a sua esposa a Dra Veronica Medeiros. “Seus filhos estão salvando milhares de palmeirenses, graças ao exercício de forma plena da medicina”, destacou. Ainda segundo Palmeira, é lamentável ver que muitos defendem a condenação como forma da resolução dos problemas da sociedade.

20h34- Acusação diz que tese da defesa é inconsistente. Segundo o promotor de justiça Dr Leonardo Bastos, é incosistente a tese que ele perdeu a paz por causa da suposta agressão cometida pela vítima. “É inaceitável a tese que a defesa quer inserir na cabeça no corpo de sentença, pois o acusado planejou a morte da vítima por se sentir ofendido pela situação vexaminosa provocada por Grilo”, ressaltou.  Sobre a prisão perpétua, o promotor de justiça diz ser favorável a isso. “A pessoa que executa e planeja um homicídio merece ser punido de forma devida. Não se justifica o crime cometido e planejado pelo senhor Fernando Medeiros”, argumentou.Por fim, o Dr Leonardo Bastos afirmou que sempre se comove dos familiares da vítima e quem cometer algum delito tem que ser punido de forma exemplar pela lei. “Todos que participaram desse processo precisam ser condenados de forma exemplar”, defendeu.

20h53- Para o advogado de acusação, Dr Fernando Falcão, é inaceitável querer que o réu se arrependeu do crime encomendado depois de dez anos. “O crime não foi perfeito, em virtude do pneu da motocicleta, que os autores materiais estavam, por isso estamos julgando hoje os réus Fernando Medeiros e Gilberto Bispo”, salientou.

21h31- Por fim , o advogado de acusação Dr. Lutero Beleza afirmou que as provas são claras e evidentes. “O povo de Palmeira dos Índios é pacato, ordeiro, estudioso e que não admite violencia de forma banal”, afirmou. Ainda segundo o Dr. Lutero, trazer o processo para a capital ajuda a minar as influências existentes da família do réu Fernando Medeiros.

22h09- Defesa rebate acusações. O advogado Dr. Hugo Trauzola disse que é totalmente injusta a acusação contra o seu cliente Gilberto Bispo. “Ele não sabia que estava fazendo algo errado, agiu de forma inocente”, afirmou.

22h11- Já o advogado Dr Cleber Lopes falou que a interpretação por parte do assistente da acusação Dr Fernando Falcão foi equivocada. “Precisamos agir com coerência na hora de julgar os acusados e não agir de forma leviana nisso sem ser pela emoção “, afirmou.

23h11– “Infelizmente Fernando Medeiros agiu assim, por estar constragido pela agressão que sofreu da vítima na cafeteria”, afirmou. No fim, o advogado lembrou que em muitos interiores as pessoas resolvem seus problemas de afronta a honra com a violência. “Em Garanhuns existem pessoas que são contratadas para resolver problema de honra das outras até os dias atuais”, lembrou.

23h20– Termina a tréplica da defesa.

23h25– Conselho de Sentença se reúne na sala secreta.

00h19- Conselho de sentença define situação dos réus, Fernando Medeiros e Gilberto Bispo, réus do processo do assassinato do empresário Grilo.
O juiz Dr Jhon Silas leu o resultado para a plateia presente no júri. O senhor Gilberto Bispo foi absolvido do crime que lhe foi imputado. Já o senhor Fernando Medeiros foi condenado por homicídio qualificado e por fim sua pena será de 18 anos e 9 meses em regime fechado e pode recorrer em liberdade.

O promotor de justiça Dr. Leonardo Bastos, após o fim do pronunciamento do juiz Dr John Silas, disse que irá recorrer da não prisão do réu condenado Fernando Medeiros e da absolvição do ex-réu Gilberto Bispo. (Crédito: Éder Patriota/Estadão Alagoas).

00h28- Representante da acusação afirma que irá recorrer da decisão do júri do caso Grilo. o Medeiros. O promotor de justiça Dr. Leonardo Bastos, após o fim do pronunciamento do juiz Dr John Silas, disse que irá recorrer da não prisão do réu condenado Fernando Medeiros e da absolvição do ex-réu Gilberto Bispo.

 

Um comentário em “Caso Grilo: Fernando Medeiros é condenado a 18 anos e 9 meses em regime fechado e pode recorrer em liberdade

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *