Google homenageia Nise da Silveira, mulher que revolucionou a psiquiatria
A página inicial do Google faz, neste sábado (15), uma homenagem à psiquiatra Nise da Silveira, mulher que revolucionou os métodos de tratamento mental no Brasil. O Doodle (alteração temporária especial do logotipo nas páginas iniciais do Google) foi dedicado à médica alagoana, que completaria 115 anos na data de hoje. A ilustração foi criada pelo artista Kevin Laughlin.
Nise foi pioneira na luta antimanicomial e desafiou as práticas psiquiátricas estabelecidas na época, como eletrochoque, lobotomia e camisa de força, sendo entusiasta de uma abordagem mais humana de atendimento ao paciente.
Estimulava-os, por exemplo, a expressarem seus sentimentos por meio da pintura. A arte, durante toda sua carreira, foi uma aliada no tratamento mental.
Uma das primeiras mulheres a se formar em medicina
Nise foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil. Em 1931, ao concluir o curso pela Faculdade de Medicina da Bahia, era a única entre 158 homens. Antes de ir para a universidade, estudou em um colégio de freiras em sua cidade natal, Maceió.
Ao longo da carreira, se dedicou a pesquisar e aplicar técnicas e estratégias da terapia ocupacional no tratamento de pacientes com doenças mentais. Foi premiada internacionalmente por sua abordagem inovadora.
A psiquiatra chegou a ser presa no período do Estado Novo (1936-1937), sob o governo de Getúlio Vargas, acusada de se envolver com o comunismo. Ela foi denunciada por uma enfermeira por ter livros marxistas. Afastada do serviço público, só voltou a trabalhar em 1944.
Uma de suas grandes empreitadas foi a criação da Casa das Palmeiras, em 1956, uma clínica para reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas.
Braço direito ilustre
A grande parceira de trabalho de Nise em sua luta antimanicomial foi outra mulher, também reconhecida pelo seu talento na música: a sambista Ivone Lara.
Graduada em enfermagem e especializada em assistência social, Ivone foi o braço direito da psiquiatra em todos os seus projetos revolucionários.
A primeira-dama do samba, que faleceu em 2018, fazia questão de citar a competência de Nise e as mudanças que realizou, de extrema importância para garantir tratamento mais digno a pessoas com esquizofrenia e outros transtornos que necessitam de cuidados complexos.
Nise morreu em 1999, aos 94 anos, por insuficiência respiratória.
Universa / Uol